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sexta-feira 16 de setembro de 2022 às 08:31h

Investimento no Brasil: saiba por que esse é o verdadeiro nó do crescimento

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Há uma diretriz econômica que une todas as linhas de pensamentos ideológicos. O investimento, diz a revista IstoÉ Dinheiro. Seja predominantemente público (como fazem Cuba e Venezuela), privado (como praticam os Estados Unidos e alguns países da União Europeia) ou misto (como os chineses e coreanos trabalham), o fato é que o dinheiro nas vertentes sociais, de infraestrutura e inovação tecnológica é fundamental para que um país se desenvolva. No Brasil nenhum desses vetores de crescimento tem conseguido andar bem. Os recursos públicos seguem travados por completa ausência de gestão de gastos, situação agravada pela irresponsabilidade fiscal parlamentar. O dinheiro privado continua trabalhando apenas na manutenção das operações já vigentes, ainda reflexo de incertezas institucionais. O resultado? O Brasil está longe do pico de investimentos verificado em 2013, e levará, nesse ritmo, pelo menos dez anos para atingir os valores proporcionais de dez anos atrás.

A atração de investimento é um assunto em voga em todo o mundo, com a OCDE e o FMI sinalizando que a atração de capital é essencial para reativação da economia global e controle dos preços no médio prazo. E se o mundo busca trilhões, o Brasil briga por centavos. Do ponto de vista dos recursos públicos, o Orçamento da União para 2023 tem a menor margem de investimento proporcional ao PIB da história recente: R$ 22,4 bilhões. Sobra, então, o capital privado. Mas ele também não está lá muito pujante. Segundo Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), o leve aumento na taxa de investimento no Brasil desde a crise de 2014 está apoiada no esforço do empresariado, mas esse valor fica abafado na redução dos recursos públicos nessa equação. Para se ter uma ideia, os recursos empenhados pelo governo federal, estados e municípios caiu de 2,45% do PIB em 2014 para os atuais 1,38% verificados no primeiro semestre deste ano. Do lado dos empresários, os investimentos subiram um pouco, e foram de 14,33% em 2013 para os atuais 17,91%.

Na avaliação do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, a proporção ideal do investimento público diante do total seria de, no mínimo um quinto. Com o investimento atual, o governo teria de investir 3,5% do total, e não o 1,38%. “Não é substituição do dinheiro publico pelo privado, mas mais oportunidades com o recurso público para energia, águas e esgotos, estradas de rodagem, digitalização da economia, saúde e proteção do ambiente.” O Monitor Fiscal, do FMI, mostra isso. Segundo o relatório de agosto, economias emergentes com investimento público bem aplicado de 1% do PIB podem criar 7 milhões de empregos.

Futuro

E os presidenciáveis sabem disso. O atual chefe da Repúplica garante que as condições de investimento das empresas pós-pandemia irá acelerar o desenvolvimento do Brasil. Ele também reforça que será preciso revisar o teto de gastos, “senão é inviável trabalhar”. Lula também deixou claro que quer derrubá-lo de vez. Segundo o petista há outras formas de mostrar responsabilidade fiscal. “Um país endividado não quer dizer um país quebrado se essa dívida for obtida para melhorar o PIB”, disse ele em evento em Manaus. O mesmo discurso foi usado em sua sabatina na CNN. Segundo o presidenciável, o plano é escoar recursos para obras de infraestrutura, com crédito e ampliar o consumo. “Já fizemos. E vamos fazer melhor”, afirmou o petista.

Ainda que figurando em diferentes espectros políticos, os discursos de Lula e Bolsonaro se apoiam no consumo. O economista Matheus Cairo Montevão, professor da Universidade de Brasília e consultor do Senado na Comissão de Assuntos Econômicos, garante que isso é um erro. “O consumo se esgota fácil”, disse. Para ele, o governo deveria investir em tecnologia, infraestrutura e inovação. “O maior ativo do Brasil hoje é a Amazônia. O governo precisava ser pioneiro no investimento por lá. Mostrar ao mundo onde está o dinheiro do futuro.” Mas para isso precisa primeiro se livrar de comportamentos do passado.

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