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O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - Ricardo Stuckert/Lula/Divulgação e Evaristo Sá/AFP
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sexta-feira 16 de setembro de 2022 às 05:38h

Enquanto o PL de Bolsonaro já repassou 96% do fundo eleitoral, PT de Lula reservou 30% para o 2º turno

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Estudos realizados pela Ciência Política nas últimas décadas são bastante consistentes em informar que os gastos feitos em uma campanha impactam as chances de eleição. Quanto maior o dispêndio, maior o número de votos.

Com a recente proibição de doações feitas por pessoas jurídicas, a maior parte do financiamento de campanha passou ter origem nos fundos públicos —o FEFC (Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha). O novo cenário aumentou o controle e poder de decisão das elites partidárias na estratégia da alocação desses recursos: quem recebe e quando. Este ano, serão mais de R$ 6 bilhões distribuídos entre Fundo Partidário e FEFC.

Eleições atípicas, como a de 2018, que combinou crise política e econômica, demanda por renovação e o fenômeno Bolsonaro, podem diminuir o peso dos gastos de campanha, haja visto os 52 deputados eleitos pelo PSL mesmo sem muitos recursos. Todavia o pleito desse ano se aproxima do padrão conhecido de competição eleitoral, e tudo indica que o quanto, como e quando se gasta terá, sim, enorme importância.

Faltando pouco mais de duas semanas para o primeiro turno, e a cerca de uma semana da data limite para a distribuição dos recursos públicos definida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), fomos saciar uma curiosidade: como os partidos dos dois principais candidatos à Presidência estão distribuindo seus recursos?

Enquanto o PL declarou ao TSE ter distribuído todos os recursos disponíveis do Fundo Partidário e já ter repassado aos seus candidatos 96% dos recursos do FEFC, o PT ainda tem uma reserva de 30% do FEFC guardada para a reta final da campanha e o segundo turno.

Como resultado, qualquer candidato do PL que venha a disputar um segundo turno dependerá quase que exclusivamente de recursos de doações de pessoas físicas, doações essas que, até o momento, parecem ter frustrado as expectativas da coordenação de campanha do presidente Bolsonaro.

No PL, até o momento, Anderson Ferreira Rodrigues, candidato ao governo de Pernambuco, foi quem mais recebeu recursos: R$ 11 milhões, R$ 1 milhão a mais que o presidente Bolsonaro, agraciado com R$ 10 milhões. Jorginho Mello, que disputa o governo catarinense, recebeu R$ 9 milhões.

Já o PT, o segundo partido que mais recebeu recursos do FEFC, destinou a Lula, até agora, R$ 85,9 milhões. O candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, recebeu R$ 19,5 milhões. A próxima candidata na lista dos que mais receberam recursos do PT é Fátima Bezerra, que concorre à reeleição ao governo do Rio Grande do Norte, com R$ 7,1 milhões.

Para entender melhor o efeito do financiamento de campanha nas eleições deste ano, será preciso aguardar o resultado do pleito. O que se sabe é que, caso haja segundo turno, o PL terá um grande desafio pela frente para financiar seus candidatos e precisará contar com seus eleitores mais fiéis, de alto poder aquisitivo, para garantir os fundos necessários.

Diante desse cenário, nos parece que a decisão de Bolsonaro e seus apoiadores de debandarem do PSL (partido que compõe, com o DEM, o União Brasil, e a quem cabia a maior fatia dos recursos público) e optar por um partido a quem coube menor fatia dos fundos foi uma aposta que seria possível compensar a perda dos recursos proveniente dos fundos públicos com as vantagens por ocupar cargos públicos, em especial a Presidência.

O cargo dá a Bolsonaro acesso à máquina pública, como foi o notório caso do 7 de Setembro, além de permitir que ele aposte em medidas como o aumento do Auxílio Brasil às vésperas da eleição.

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