Uma nova lei norte-coreana aponta segundo a Reuters, para lançamentos nucleares “automáticos” se a liderança ou os sistemas de comando e controle do país estiverem ameaçados, reiterando os temores do líder Kim Jong Un de um ataque chamado de “decapitação”, disseram especialistas.
Em uma lei de política nuclear atualizada, aprovada na quinta-feira, a Coreia do Norte consagrou o direito de usar ataques nucleares preventivos para se proteger, com Kim dizendo que a legislação torna o status nuclear do país “irreversível” e impede as negociações de desnuclearização.
A lei define quando a Coreia do Norte pode usar suas armas nucleares, inclusive se houver um ataque à liderança do governo ou ao sistema de comando e controle nuclear.
“Caso o sistema de comando e controle das forças nucleares do Estado seja colocado em perigo devido a um ataque de forças hostis, um ataque nuclear será lançado automáticamente e imediatamente para destruir as forças hostis”, afirma a lei, segundo a agência de notícias estatal KCNA.
Kim tem “comando monolítico” sobre as forças nucleares, mas a redação da lei pode indicar que, se ele for morto, uma autoridade de alto escalão seria designada para autorizar ataques nucleares, disse Ankit Panda, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, com sede nos Estados Unidos.
“A ideia básica aqui é comunicar aos Estados Unidos e à Coreia do Sul que decapitar a liderança norte-coreana não os pouparia de uma retaliação nuclear”, disse ele, observando que há precedentes em outros Estados nucleares, como foi com os Estados Unidos durante a Guerra Fria.
Tanto os Estados Unidos quanto a Rússia empregaram sistemas técnicos, como o infame “Mão Morta” da União Soviética, projetado para garantir retaliação nuclear, mesmo que os líderes fossem mortos.
Por enquanto, esse tipo de sistema de “falha mortal” na Coreia do Norte parece improvável, disse Panda.
“Eu esperaria, no momento, que o sistema de falha mortal se apoiasse em etapas organizacionais: por exemplo, o primeiro secretário do Partido dos Trabalhadores poderia confirmar que Kim Jong Un foi morto no curso de um conflito, autorizando assim a libertação de armas nucleares”, disse ele.
Embora a Coreia do Sul e os Estados Unidos digam que não buscam mudar o governo da Coreia do Norte a partir da força, ambos os países têm planos de guerra que implicam em ataques contra a liderança de Pyongyang.
Em meio às tensões de “fogo e fúria” de 2017, o governo Trump insistiu que não tinha intenção de lançar um ataque contra Kim, mas atualizou e revisou de forma privada os planos de guerra para um ataque de decapitação, de acordo com um livro do jornalista Bob Woodward.