Na reta final da campanha, Lula vai acentuar segundo a coluna de Bela Megale, a guinada ao centro na busca pelo voto dos indecisos e dos que hoje optam por Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). O movimento será acompanhado de acordo com a publicação de Megale, no O Globo, pelo candidato Fernando Haddad, que disputa o governo paulista e é o principal nome do PT no Sudeste, região com os maiores colégios eleitorais do Brasil.
O movimento busca conter o leve e constante crescimento de Bolsonaro nas pesquisas, conforme mostrou o Datafolha desta sexta-feira. Lula segue com 45% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro cresceu de 32% para 34%. A campanha petista avalia, porém, que o voto útil só deve se mover na última semana antes do primeiro turno.
A estratégia de intensificar os gestos para esse segmento do eleitorado após o 7 de setembro foi traçada há mais de um mês, segundo coordenadores das duas campanhas, que apontam dois motivos principais. O primeiro é que a essa altura não há mais para onde Lula e Haddad crescerem entre os eleitores de esquerda. O segundo ponto é que havia uma expectativa de que Bolsonaro radicalizasse suas falas na data da Independência, com ataques ao Judiciário e aos demais poderes.
O presidente adotou a linha “paz e amor” para seus padrões, mas o PT avalia que, mesmo assim, Bolsonaro falou para a bolha, ou seja, a extrema direita. Para os integrantes da campanha de Lula, o que tem pesado para o presidente ter uma leve alta nas pesquisas é a melhora da economia.
Integrantes do núcleo duro da campanha de Lula destacam que o discurso mais ao centro também tem o papel de segurar parte do eleitorado que não teria o petista como primeira opção, mas que está com ele pela rejeição a Bolsonaro. O Datafolha desta sexta-feira aponta que 51% dos entrevistados não votam no presidente de jeito nenhum e 39% não votam em Lula de jeito nenhum.
Além de seguir explorando a imagem do candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB) como principal sinalização de guinada ao centro, a campanha petista focará nas mulheres, que seguem mantendo alta rejeição a Bolsonaro, e entrará em temas como saúde.
Até o momento, a pauta econômica era o principal foco da campanha de Lula, mas com a queda do preço da gasolina e da inflação, a avaliação e que é preciso trazer assuntos espinhosos para o presidente em outras áreas. Os petistas avaliam, porém, que a melhora na economia não chegou aos mais pobres e que esse eleitorado seguirá majoritariamente com Lula.