Dirigentes estaduais do PT que lidam com a pauta do combate ao racismo enviaram à direção nacional do partido uma nota conjunta em que reclamam que decisões envolvendo negros estão sendo tomadas por brancos.
Eles se referem à tentativa de candidatos petistas brancos de burlar a resolução do TSE que determina que o fundo eleitoral nesta eleição seja distribuído de forma proporcional entre as raças.
“A conquista do repasse de recursos para candidaturas negras é uma vitória coletiva dos movimentos negros e dos antirracistas que se juntam a essa luta”, diz a nota, assinada pelos titulares das secretarias estaduais de Combate ao Racismo do partido.
Segundo a Folha, o PT registrou 49,46% de candidaturas brancas e 48,73% de negras, com base em autodeclaração. Com isso, brancos terão menos recursos do que planejavam, e buscam junto à direção nacional uma alteração nas regras.
Uma saída em discussão é ser mais exigente na classificação de candidaturas negras, tomando por base características como a aparência de pele, cabelos, nariz e boca, conforme recomendado por uma comissão do TSE. Isso minimizaria o risco de fraude ou classificação inadequada.
Embora elogiem a tesoureira do partido, Gleide Andrade, por respeitar a determinação do tribunal, os signatários da carta reclamam de estarem sendo alijados do processo de debate.
“As Secretarias Nacionais de Mulheres e de Combate ao Racismo encontram-se afastadas do processo de tomada de decisão, cabendo somente à maioria de homens e pessoas brancas da direção as decisões que envolvem a vida política de mulheres e pessoas negras. Isso não pode prosperar num partido que quer resgatar a democracia no Brasil”, afirmam.