O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma homenagem, nesta quarta-feira (31/8), ao ex-lider soviético Mikhail Gorbachev, que morreu aos 91 anos nessa terça-feira (30). De acordo com Putin, o último líder da União Soviética teve “um grande impacto na história do mundo”.
“Mikhail Gorbachev é um político e um estadista que teve um grande impacto na evolução da história do mundo. Guiou o nosso país em um período de mudanças complexas e dramáticas, e de grandes desafios de política externa, econômicos e sociais”, afirmou Putin, por meio de um telegrama de condolências publicado pelo Kremlin e publicado pela Reuters.
A relação entre o antigo líder soviético e o atual presidente russo começou nos anos 2000, durante a primeira eleição de Putin. Em 2006, porém, Gorbatchov passou a criticar Putin por suas tendências autoritárias crescentes. Nos últimos protestos a favor da democracia na Rússia, o ex-líder soviético pediu o afastamento do presidente, e chegou a chamá-lo de idiota no documentário “Gorbatchev.Céu”, de 2020.
Líderes lamentam morte
Outros líderes mundiais lamentaram a morte de Gorbachev. “Sempre admirei a coragem e a integridade que ele demonstrou ao terminar a Guerra Fria de forma pacífica. Em uma época de agressão de Putin à Ucrânia, o comprometimento incansável para abrir a sociedade soviética ainda é um exemplo para nós todos”, disse o primeiro o ministro do Reino Unido, Boris Johnson.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que o ex-líder soviético será lembrado como um “homem de visão”.
“Estes foram os atos de um líder excepcional, com imaginação para ver que um futuro diferente era possível e a coragem de arriscar sua carreira para alcançá-lo”, declarou Biden em um comunicado, por meio do qual faz referência às reformas democráticas colocadas em prática por Gorbachev.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou sentir-se “profundamente entristecido” e definiu Gorbachev como “um homem único que mudou o curso da história”.
“Eu sempre admirei a coragem e a integridade que ele demonstrou ao terminar a Guerra Fria de forma pacífica. Em uma época de agressão de Putin à Ucrânia, o comprometimento incansável para abrir a sociedade soviética ainda é um exemplo para nós todos.”
“Doença grave”
Segundo o Hospital Clínico Central da Academia Russa de Ciências, Gorbatchov passava por uma “doença grave e prolongada”.
Gorbachev, que comandou o Kremlin de 1988 a 1991, foi o oitavo e último líder soviético antes da dissolução do Estado socialista, em 25 de dezembro de 1991.
Ele nasceu em março de 1931 em Privolnoye, na Rússia, e ficou conhecido pela origem humilde. Filho de camponeses, Gorbachev costumava brigar por reformas. Como presidente, aplicou dois planos de reforma na URSS: a Perestroika (reestruturação) e a Glasnost (transparência).
Sua era ficou famosa pela política moderada e abertura social, política e econômica da então URSS.
Nos países ocidentais, Gorbachev é relacionado diretamente ao fim da Guerra Fria e da disputa entre os blocos capitalista (liderado pelos Estados Unidos) e comunista (liderado pela URSS). Na Rússia, porém, o antigo líder é comumente associado a reformas que causaram o colapso soviético.
Nobel da Paz
Com a reorganização que incluiu um novo Congresso, a União Soviética teve em 1989 as primeiras eleições desde 1917. Gorbachev foi eleito presidente e tomou posse em 1990, ano da queda do muro de Berlim.
No mesmo ano, recebeu o Nobel da Paz por “seu papel no processo de paz que hoje caracteriza partes importantes da comunidade internacional”, segundo disse a entidade na ocasião. Ele presidia a Fundação Gorbachev, dedicada a programas de caridade e à educação.