Oferecendo maiores retornos aos agricultores, a soja avançará na safra 2022/23 em campos antes cultivados com o arroz no Rio Grande do Sul, o que colabora para reduzir a área de plantio de um alimento básico dos brasileiros no maior Estado produtor do cereal no país.
Enquanto a área plantada com arroz no Rio Grande do Sul vai encolher quase 10%, para 862,5 mil hectares, a soja vai avançar mais de 180 mil hectares, ou 2,8%, para 6,57 milhões de hectares, segundo previsão da empresa de assistência técnica gaúcha, a Emater-RS, divulgada nesta última terça-feira (30).
Uma alta de custos de produção do arroz também tem levado produtores a reduzir a área plantada no Estado, que colhe cerca de 70% da safra brasileira, disseram integrantes da Emater, em apresentação do primeiro prognóstico da safra de verão 2022/23. Já a soja tem avançado nas áreas ao Sul do Estado, historicamente mais arrozeiras.
Segundo o presidente da Emater-RS, Alex da Silva Corrêa, os custos com energia para irrigação têm pesado para os produtores de arroz, entre outros fatores.
“Isso fez o pessoal abandonar as piores áreas, pegando as melhores, aumentando produtividade por área, e ao mesmo tempo introduzindo a soja”, afirmou ele.
No caso da soja, o produtor “colhe, entrega na indústria e no dia seguinte o dinheiro está no bolso”, disse Corrêa.
Ele comentou que aquele produtor que diversificou para a pecuária ou soja obtém maior rendimento por hectare que o seu vizinho que planta só arroz, um produto com menor liquidez em relação à soja.
Segundo ele, o milho também tende a ocupar áreas de arroz, trilhando o mesmo caminho realizado pela soja.
“A próxima fronteira vai ser o milho, descendo em rotação com a soja e o arroz”, disse o presidente da Emater.
O preço nominal do arroz gaúcho está praticamente estável na comparação com 12 meses atrás, a cerca de 75 reais por saca de 50 kg, segundo dados do Cepea, enquanto a soja subiu 12% na mesma comparação, para 187 reais por saca de 60 kg.
Considerando a área plantada e indicadores históricos de produtividade, a produção de arroz no Rio Grande do Sul poderia cair cerca de 8% na comparação com o ciclo anterior, para aproximadamente 7 milhões de toneladas, estimou a Emater.
Milho e soja
Já as safras de soja e milho 2022/23 do Rio Grande do Sul devem mais do que dobrar, com expectativa de um clima favorável após a seca ter devastado a produção de grãos no ciclo anterior, projetou nesta terça-feira a Emater.
A safra de soja do Rio Grande do Sul, que figura entre os três maiores produtores da oleaginosa do Brasil, foi projetada em 20,56 milhões de toneladas, alta de 124,4% na comparação anual.
Isso com uma forte recuperação na produtividade, uma vez que a área plantada terá alta de 2,8%.
Já a produção de milho do Rio Grande do Sul foi projetada em 6,1 milhões de toneladas, aumento de 104,5% na comparação com a temporada passada, seguindo lógica semelhante, pois a área deverá aumentar 5,9%, para 831,8 mil hectares.