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domingo 28 de agosto de 2022 às 11:18h

Experientes, novatos, sem verba: quem são os mais velhos na disputa

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>Entre as mais de 30 mil candidaturas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições deste ano, está um grupo bem restrito de nomes na disputa cuja idade ultrapassa os 80 anos. Cerca de cem idosos acumulam décadas de vida, mas nem sempre experiência política.

Entre esses cem candidatos com mais de 80 anos, 43 concorrem a deputado federal, 42 a deputado estadual e cinco como governadores ou vice-governadores. Há ainda conforme Beatriz Montesanti, do UOL, Olívio Dutra (PT-RS), de 81 anos, que se lançou ao Senado, e José Maria Eymael (DC-RS), que está na sexta corrida à Presidência aos 82 anos. Os demais são candidatos a cargos de suplência no Congresso Nacional.

Segundo os registros no TSE, José Ribamar Cutrim Gomes (PRTB-RJ) é o candidato mais velho, com 96 anos. A reportagem não conseguiu contato com ele, mas documentação anexada à corte eleitoral aponta erro. Apesar de constar 1927 como ano de seu nascimento, seu RG traz a informação de 1950. Ele teria, portanto, 71 anos.

Parcela desses octogenários soma em vida pública mais do que muitos candidatos têm em vida pessoal.

Eymael, por exemplo, ingressou na política na década de 1960. Seu jingle pegajoso ressoa no horário eleitoral gratuito desde 1985, tendo sido eleito apenas duas vezes e ocupado uma cadeira de deputado federal entre 1986 e 1995.

Olívio, por sua vez, foi prefeito de Porto Alegre (1989-1993) e governador do Rio Grande do Sul (1999-2003), além de ministro das Cidades durante o governo Lula e deputado federal.

Outra conhecida do eleitorado pelas décadas de estrada é Luiza Erundina (PSOL-SP), que aos 87 anos concorre pela 15ª vez a um cargo eletivo.

“Hoje eu tenho mais um fator para lutar. É para demonstrar que a velhice não é uma doença, muito menos um defeito. As pessoas tratam a velhice como um defeito. Dizem: coitadinha”, falou ao UOL em 2020, quando se candidatou como vice de Guilherme Boulos (PSOL) para a Prefeitura de São Paulo, que já comandou na década de 1980.

Experiência, anonimato e falta de verba

Nem todos os experientes candidatos idosos, no entanto, tiveram êxito. Aos 90 anos, Oswaldo Bento Pereira Sanches diz ter nascido político, sem nunca ter sido eleito. “Não tinha dinheiro para investir na minha campanha, não tenho dinheiro para comprar votos”, diz o corretor de imóveis, que concorre a deputado federal pelo PSC de Minas Gerais.

Pereira Sanches diz ser um dos fundadores de seu partido —”e o PSC nem sabe disso”. Sanfoneiro, chegou a escrever um hino para a legenda, além de compor seu próprio jingle de campanha, que canta ao telefone para a reportagem com “a voz de Teixeirinha”, como descreve sua entonação, em referência ao cantor gaúcho popular nos anos 1970.

Eu sou privilegiado na saúde. Meus amigos, da minha idade, a maioria já morreu, outros estão com mal de Alzheimer, eu estou dirigindo e tocando sanfona. Quero dar mais uma chance para o povo me eleger. Sou velho, mas sou forte.”

Oswaldo Bento Pereira Sanches, 90, candidato pelo PSC

Pereira Sanches faz campanha ao lado da filha, Alexandra Sanches (PSC-MG), que tenta uma vaga no Legislativo mineiro e coordena a empreitada do pai. “Ele sempre concorre. Geralmente dirige o carro de som, para em um lugar e volta andando, passando de casa e casa”, conta. “Como nunca tivemos muitos recursos para campanha, sempre fazíamos de maneira familiar, que era meu pai, minha mãe e eu.”

Rita Capistrana Chaves (PSD-MG) também tenta uma vida na política há anos. Aos 89, se lança a deputada estadual em Minas. Rita até assumiu o anonimato: em julho, publicou um livro de poesias intitulado “Rita Capistrana: Poetisa Desconhecida”.

Ela também tem a campanha coordenada pela filha, Waldelíria, que responde a questionamentos pela própria mãe.

“A primeira candidatura dela foi em 1982, para vereadora, mas não deu certo, porque não disseram que precisava se filiar”, conta a filha. “É uma pessoa simples, trabalhadora, Tancredo Neves gostava muito dela. Ela tinha uma carta escrita por ele de próprio punho, mas perdeu tudo em uma enchente.”

Há, ainda, um estreante em campanhas. No dia 29 de agosto, Alberto Schlatter fará 90 anos. É sua primeira vez numa corrida eleitoral. Ele é candidato ao vice-governo de Mato Grosso do Sul pelo Podemos, em chapa liderada por Rose Modesto, do União Brasil.

Dizem que os meus anos de vida podem contribuir para motivação e sucesso dos futuros líderes de nossa nação e nosso estado, Mato Grosso do Sul”, respondeu por escrito. “É um novo desafio para mim, mas estou pronto para servir ao meu Deus e ao meu estado nesses meus últimos anos de fôlego de vida.”

Alberto Schlatter, 89, candidato pelo Podemos

Sobre diferenças geracionais no pleito, Schlatter diz ver com naturalidade. “Temos a aprender com a nova geração, e eles aproveitarem de minha experiência. Fico até constrangido com a excelente receptividade em todos os lugares e reuniões que temos realizado. Nossa história tem chegado antes de nós.”

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