Em sua entrevista no Jornal Nacional, o candidato ao Planalto e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esquivou-se de responder se escolherá um nome selecionado pelos procuradores na lista tríplice para a Procuradoria-Geral da República.
Perguntado pela apresentadora Renata Vasconcellos sobre por que não se compromete com o respeito à lista tríplice, Lula respondeu:
— Quero deixar eles com uma pulguinha atrás da orelha. Primeiro preciso ganhar as eleições. Esse negócio de prometer as coisas antes de vencer as eleições é um erro.
Lula também disse que, se ganhar as eleições, antes da escolha terá “várias reuniões com o Ministério Público para discutir os critérios [da seleção], que precisam ser justos para ele e para o Brasil.
O posicionamento diverge do adotado ao longo dos quatro governos do PT. A tradição de formação da lista tríplice para a PGR iniciou-se em 2001.
Até a seleção de Augusto Aras por Bolsonaro para a PGR, a lista tríplice sempre foi respeitada por todos os presidentes.
A partir de 2003, com o primeiro governo Lula, os presidentes sempre escolheram o mais votado da lista, costume mantido ao longo dos quatro governos petistas.
Em 2017, o ex-presidente Michel Temer optou pela segunda da lista e indicou Raquel Dodge. Não há uma obrigação legal de obedecer à lista.
Apesar de não assumir o compromisso, Lula disse que deseja que a PGR tenha independência, a despeito de quem vier a ser escolhido:
— Não quero um procurador leal a mim. Procurador tem que ser leal ao povo brasileiro, à instituição — afirmou. — Não quero amigo no MP, na PF, no Itamaraty, em nenhuma instituição. Quero pessoas competentes, ilibadas, republicanas e que pensam sobretudo no povo brasileiro.