Presos em 2018 durante a operação Furna da Onça, braço da Lava-Jato no Rio, oito políticos fluminenses concorrerão a cargos de deputado estadual e federal em outubro. Amparados por recursos judiciais, todos ainda estão sob investigação — os processos hoje tramitam na Justiça Eleitoral.
Conforme Leonardo Nogueira, do jornal O Globo, dos 13 políticos que foram alvos de mandados de prisão à época da força-tarefa, seis, mesmo detidos, chegaram a assumir postos como deputados na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) — a Furna da Onça ocorreu em novembro, um mês depois de eles terem sido eleitos. Todos buscam se reeleger ou garantir uma vaga na Câmara dos Deputados e são apoiadores do governador Cláudio Castro (PL), que tentar se manter no comando do Palácio Guanabara.
Com nome repaginado na urna, o presidente do PTB no Rio, antes conhecido como Neskau, agora é Marcus Vinícius. O deputado estadual, alinhado a Bolsonaro, quer chegar a federal.
Colega de Marcus Vinícius na Alerj, André Corrêa, do Progressistas, busca a reeleição. Ele estava cotado para ser candidato pelo União Brasil, mas mudou de partido no início do ano e faz campanha aliado ao pai, Andre Luiz Antônio, postulante a deputado federal pela mesma legenda.
O Progressistas tem mais dois ex-detentos da Lava-Jato buscando a Alerj: Marcelo Simão, solto uma semana após a operação, tenta se manter na Assembleia, enquanto o ex-secretário de Governo da gestão de Luiz Fernando Pezão, Affonso Monnerat, quer entrar na casa legislativa do Rio.
Habeas corpus
Monnerat foi beneficiado com um habeas corpus no fim de 2019. Diferentemente da maioria do grupo investigado, ele preferiu ficar ao lado do candidato do PT, André Ceciliano, ao Senado.
Outro que se ligou ao petista foi o candidato a deputado estadual do Solidariedade, Chiquinho da Mangueira. No quinto mandato na Alerj, ele também trocou de partido para estas eleições; à época da Lava-Jato, ele era do PSC. O ex-policial militar Coronel Jairo também tentará vaga na Alerj pelo Solidariedade.
Completam a lista de candidatos presos pela Furna da Onça Vinícius Farah, do União Brasil (ex-MDB), que tenta voltar à Câmara Federal; e Marcos Abrahão, do Avante, que disputará a reeleição na Alerj.
A Operação Furna da Onça foi deflagrada em instância federal, mas hoje tramita na Justiça Eleitoral. A decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, não anulou as ações proferidas pela Justiça Federal. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE- RJ) decidirá sobre a condenação dos réus.
Dois nomes da política fluminense que estavam inelegíveis por conta da Operação Cadeia Velha, também um desdobramento da Lava-Jato fluminense, decidiram virar cabos eleitorais de parentes. O ex-presidente da Alerj Paulo Mello pedirá votos para a mulher, Franciane Motta (União), se reeleger deputada estadual; e Edson Albertassi quer abrir as portas da casa legislativa para o sobrinho, Betinho Albertassi (União Brasil). Ambos também foram indiciados na Furna da Onça.
As investigações da Cadeia Velha apontaram a existência de um esquema de corrupção entre membros do legislativo fluminense e empresas de ônibus. No último dia 15, o TRF-2 enviou o processo a Justiça estadual do Rio. A decisão do desembargador federal Ivan Athié anulou todas as decisões proferidas no processo. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, as condenações feitas a Melo e Albertassi podem ser atingidas pelo ato do magistrado.