O PP, partido que tem a terceira maior bancada da Câmara, com 37 deputados, decidiu abandonar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição como presidente da Casa.
“O PP está fora do bloco com Maia”, disse nesta última sexta-feira (4) o deputado Arthur Lira (AL), líder do partido na Câmara.
O deputado de Alagoas estava articulando um bloco com possíveis aliados de Maia não apenas para a eleição de 1º de fevereiro, mas para atuar ao longo dos dois anos da próxima legislatura.
Ao perceber o movimento, Maia agiu no fim do ano passado para implodir este bloco e tomar as rédeas da condução de seus aliados para a própria reeleição.
A decisão do PP foi anunciada três dias após o presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), revelar o apoio do partido do presidente Jair Bolsonaro à reeleição de Rodrigo Maia, que tenta seu terceiro mandato à frente da Câmara.
Da negociação com o PSL vem um outro motivo para o desgaste da relação entre PP e Maia. Hoje, o partido ocupa a segunda vice-presidência da Casa, com o deputado André Fufuca (PP-MA). O cargo foi oferecido por Maia ao PSL.
“Maia perdeu o foco. Deixou de ser o candidato de todo mundo para ser candidato de uma parte”, afirmou Lira, segundo quem não há definição de como a legenda vai atuar no pleito.
O apoio do partido de Bolsonaro, segunda maior bancada da Casa, com 52 deputados, não é consensual. Além disso, desde que o anúncio foi feito, ficou estremecida a relação de Maia com partidos da esquerda -PT (56 deputados), PSB (32), PDT (28) e PC do B (9).
O PT está dividido entre um grupo de discurso mais ideológico, contra a aliança com Maia, e outro mais pragmático, que não quer cometer o mesmo erro de 2015, quando o partido lançou a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP). O deputado foi derrotado por Eduardo Cunha (MDB-RJ), que trabalhou contra o governo até abrir o processo que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Lideranças da sigla se reúnem em Brasília em duas semanas.
PSB e PDT fazem reuniões de seus integrantes já na próxima semana.
“Esperava uma posição mais neutra do presidente da Casa. Vamos ver se esta aliança é firme mesmo”, disse à reportagem o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
Segundo ele, além de avaliar apoio a Maia, a legenda considera também defender o candidato do PSOL, Marcelo Freixo (RJ), ou um nome que surja nos próximos dias.
Quarta maior bancada, o MDB (34) também foi pego de surpresa com a adesão do PSL e ainda avalia como vai se posicionar no tabuleiro da disputa. Uma possibilidade é que se una ao PP, aliança que, de partida, tem 71 votos. Se atrair também PT, PSB, PDT, PTB, PSC e PC do B, por exemplo, o grupo chega a 214 votos, levando a eleição para o segundo turno, já que há outros nomes na disputa.
Outros candidatos como JHC (PSB), Fábio Ramalho (MDB) e Capitão Augusto (PR) dizem que vão continuar na disputa mesmo que com candidaturas avulsas.
“Rodrigo levou a legenda [PSL], mas perdeu voto. Foi um erro estratégico sem tamanho. A ganância fez ruir o castelinho”, disse Capitão Augusto nesta sexta.