Conforme artigo de Mario Sabino, o PT não aprendeu nada, a não ser a enganar os ingênuos sobre a sua natureza autoritária, o seu stalinismo intrínseco e tropical. Depois de passar mais de uma década torpedeando a democracia, por meio da compra de votos de parlamentares com dinheiro oriundo de corrupção, o partido encontrou em Jair Bolsonaro uma alavanca para alçá-lo novamente ao Palácio do Planalto.
Os petistas só assinaram os manifestos pela democracia por cálculo eleitoral, não por convicção, diz Mario Sabino. E continua: Como já cansei de escrever, a democracia não lhes é valor universal, mas valor estratégico — uma forma de chegarem ao poder e lá permanecer indefinidamente, usando dos mesmos expedientes que sempre utilizaram. Apesar da pele de cordeiro democrático, o lobo continua lá, ameaçador, como demonstram as simpatias do PT e do seu chefão por regimes ditatoriais. Hoje, na sabatina promovida pelo Estadão, Fernando Haddad, poste de Lula em 2018 e hoje candidato ao governo de São Paulo, foi indagado sobre a proximidade do PT com o regime venezuelano. Como registramos, ele tergiversou: “primeiro, alegou que há a autodeterminação dos povos sobre seus governos, e que esta autodeterminação estaria sendo atacada (‘Infelizmente temos que reconhecer que americanos se metem em assuntos internos de outros países, contra a democracia’, disse). Depois, afirmou que nenhum dos dois lados está correto na disputa política do país. ‘Na Venezuela, a oposição também não é democrática. Você tem um conflito real que podemos e devemos ajudar. Acho que o Lula vai ter um papel muito grande [nessa mediação]”.
Fernando Haddad continuou: “Se eu gosto do governo Maduro? Não. Mas se me perguntam se eu gosto do comportamento que a oposição está tendo? Não. Nós temos o dever de ajudar a Venezuela, e a Venezuela pode se reencontrar em uma democracia plena se houver um papel internacional, com a liderança do Brasil, para encontrar o caminho”.
A verdade é que Nicolás Maduro, herdeiro do chavismo, contou com grande ajuda dos governos do PT para manter-se como ditador incontrastável. O auxílio do PT e de Cuba foram essenciais para ele reprimir a oposição democrática (sim, democrática) em seu país. No ano passado, em maio, Lula enviou uma mensagem a Nicolás Maduro, de acordo com a embaixada da Venezuela: “O irmão ex-presidente Lula enviou uma saudação fraternal ao nosso presidente Nicolás Maduro reafirmando que ele ‘é filho de Bolívar’ e que nossa Pátria Bolivariana contará sempre com seu apoio”. Sim, apoio. Apoio a uma ditadura cruenta. O PT não está interessado em mediar transição democrática nenhuma na Venezuela, porque vê o regime bolivariano como exemplo a ser seguido.
Por Mario Sabino