O parlamento derrubou conforme a DW, o governo de Montenegro neste sábado (20), através de uma moção de censura, motivada por divergências quanto às relações com a Igreja Ortodoxa Sérvia. Da votação, em seguida a um debate de quase 12 horas, participaram 51 deputados, dos 81 que compõem o órgão legislativo.
Iniciativa do partido do presidente Milo Djukanovic, o DPS, e de quatro outras siglas, a moção foi aprovada por 50 votos a favor e um contra, pondo fim ao governo do primeiro-ministro pró-europeu Dritan Abazovic, poucas semanas após ele ter assinado um acordo regulando as relações entre o Estado e a Igreja sérvia em Montenegro.
A questão é sensível na pequena nação dos Bálcãs de 620 mil habitantes, cuja maioria pertence à Igreja Ortodoxa Sérvia. Entretanto há uma divisão quanto ao papel dominante da instituição religiosa e aos laços de Montenegro com a vizinha Sérvia, de que se separou em 2006. Até 1992, ambos integravam a extinta Iugoslávia.
Medo de influência sérvia e russa
Críticos argumentam não haver necessidade de um acordo especial com a Igreja sérvia, à parte das demais comunidades religiosas. Além disso, grupos pró-ocidentais montenegrinos descrevem o acordo como um instrumento para a Sérvia e a Rússia aumentarem sua influência no país, em meio à guerra na Ucrânia.
Abazovic assumira o cargo em 28 abril, após a derrubada de um governo de maioria pró-sérvia. Sua legenda, URA, liderava em minoria uma coalizão diversificada incluindo verdes, social-democratas, partidos étnicos de albaneses e bosníacos, além de uma sigla pró-sérvia. Ele deveria governar em caráter interino até que se elegesse seu sucessor.
O político de 36 anos defendia o acordo com a Igreja sérvia como forma de ultrapassar a longa disputa eclesiástica sobre a propriedade e outros direitos, e concentrar-se em outras questões importantes. Ainda não está claro se a queda do governo implicará eleições parlamentares antecipadas ou se os partidos vão tentar formar uma nova coligação governamental.
Montenegro possui estatuto de país candidato à filiação à União Europeia, porém disputas políticas internas têm bloqueado o progresso no sentido da integração no bloco.