Peça-chave na campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), a primeira-dama Michelle Bolsonaro tem usado suas redes sociais conforme o jornal O Globo, para impulsionar outros candidatos pelo país. Ela tem divulgado para seus mais de 3 milhões de seguidores declarações de apoio a candidaturas a governador, deputado e senador, mas nem sempre alinhadas às alianças eleitorais do marido.
Nas últimas semanas, Michelle aumentou sua presença em eventos ao lado de Bolsonaro, após estrategistas da campanha identificarem que ela tem potencial de reduzir a rejeição do presidente entre as mulheres e consolidar o apoio de evangélicos. Apesar disso, o anúncio dos candidatos que ela apoia é feito por conta própria, sem envolvimento do grupo que toca o projeto de reeleição do chefe do Palácio do Planalto.
Até agora, a primeira-dama divulgou seis candidaturas. A que teve mais destaque é da ex-ministra Damares Alves (Republicanos), a quem conhece desde a época em que as duas eram assessoras na Câmara dos Deputadas. No mês passado, Bolsonaro chegou a pedir a Damares que desistisse da candidatura em favor da também ex-ministra Flávia Arruda, que disputará o Senado na chapa do atual governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Michelle, contudo, atuou para quebrar a resistência de Bolsonaro em aceitar ter as duas ex-ministras concorrendo à mesma vaga. Nesta semana, a primeira-dama gravou o primeiro vídeo de campanha para Damares, que deve ser divulgado nas redes sociais da candidata nos próximos dias.
— Olá, minha Brasília amada. Estou aqui hoje para te apresentar a minha candidata ao Senado Federal. Essa mulher que tem fé, resiliência, coragem para lutar por aqueles que mais precisam. Com Damares no Senado, ninguém vai ficar para trás — diz a primeira-dama no vídeo.
Ao jornal O Globo, Damares atribuiu o apoio da primeira-dama à bandeira de apoio a pessoas com deficiência, que disse compartilhar. Quando ainda era ministra, ela atuou ao lado de Michelle em projetos que previam auxílio a esses grupos.
— Ela queria muito por causa das PcD (pessoa com deficiência). Nós só temos no Senado a Mara (Gabrilli, do PSDB, candidata a vice de Simone Tebet) e o Romário. Isso estava incomodando muito a Michelle. E a Michelle vê em mim essa voz para os PcD e pessoas com doença rara. Ela vem para a campanha — disse a ex-ministra.
No Distrito Federal, Michelle também apoia um parente, Eduardo Torres (PL), que concorre a deputado distrital. Eduardo é irmão, por parte de mãe, de Danilo Torres, irmão consanguíneo da primeira-dama. Ele também disputou o cargo em 2018, mas não foi eleito.
Outra escolha de Michelle é Amália Barros (PL), que vai disputar o cargo de deputada federal pelo Mato Grosso. Barros é cega de um olho e se aproximou da primeira-dama ao defender uma lei que classifica a visão monocular como deficiência — a defesa da acessibilidade é a principal pauta de Michelle.
— Me senti honrada com o apoio declarado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e isso só aumenta a minha responsabilidade em Mato Grosso. Admiro muito o trabalho que ela realiza na área social e esse também será o foco prioritário da minha atuação, se eleita — declara a candidata.
Michelle também declarou apoio ao ex-secretário de Pesca Jorge Seif (PL), que concorre ao Senado por Santa Catarina. Seif é elogiado com frequência por Bolsonaro, e também se aproximou da primeira-dama.
— Eu recebi com surpresa, mas uma surpresa muito alegre — afirma Seif, que conta ter mandado uma mensagem agradecendo a primeira-dama, mas que ainda não teve resposta.
Em São Paulo, Michelle apoiou os dois principais candidatos de Bolsonaro: Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que concorre ao governo, e Marcos Pontes (PL), que disputa o Senado. Os dois são ex-ministros, e construíram uma relação com a primeira-dama durante sua passagem pelo governo.
No mês passado, Michelle discursou na convenção que confirmou a candidatura de Tarcísio e disse que o ex-ministro “mudou a realidade do nosso Brasil” e “agradou o coração de Deus”. De acordo com pessoas próximas de Tarcísio, os dois têm um carinho mútuo.
Nos últimos 30 dias, Michelle ganhou 160 mil novos seguidores no Instagram, de acordo um levantamento da consultoria Bites divulgado na segunda-feira pela coluna de Malu Gaspar. O número supera a soma de novos seguidores dos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) no mesmo período, não só no Instagram, mas em outras redes também.
No mesmo período, o interesse por Michelle nas buscas do Google foi 24 vezes maior do que o de Rosângela da Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).