Os universitários afegãos deverão fazer aulas obrigatórias suplementares de religião como parte de seu currículo acadêmico, anunciaram as autoridades do ministério da Educação nesta terça-feira (16) em Cabul.
“Adicionaremos cinco matérias religiosas suplementares às oito existentes” na universidade, declarou o ministro do Ensino Superior, Abdul Baqi Haqani, em entrevista coletiva.
Entre as novas matérias, ele destacou algumas como História Islâmica, Política e Governança, especificando que o número de aulas obrigatórias de religião passará de uma para três por semana.
Algumas universidades já modificaram seus cursos de música e escultura, matérias muito sensíveis sob a estrita interpretação da Sharia (lei islâmica) pelo Talibã.
O êxodo da elite educacional afegã, especialmente dos professores, também levou à eliminação definitiva de muitas disciplinas.
Questionados sobre a reabertura das escolas de ensino médio para meninas, os responsáveis mencionaram a relutância nas áreas rurais, apesar de terem justificado durante meses a manutenção do fechamento dessas escolas por motivos técnicos e financeiros.
Segundo Abdulkhaliq Sadiq, alto funcionário do ministério da Educação, as escolas não serão reabertas devido à falta de convicção das famílias.
Sem um diploma de ensino médio, as adolescentes afegãs não poderão fazer futuras provas de admissão à universidade.
As escolas de ensinos fundamental e médio foram fechadas durante o período do primeiro governo talibã (1996-2001). Desde seu retorno ao poder em 15 de agosto de 2021, os talibãs adotaram restrições tão severas que, na prática, afastam completamente as meninas da vida pública.
As mulheres têm o direito de ir para a universidade, mas algumas a abandonaram por causa do custo e outras pelo medo de suas famílias de se mostrarem em público sob o atual regime.
A comunidade internacional considera a educação uma condição essencial para o reconhecimento oficial do regime talibã, o que nenhum governo fez até agora.