Governador do Ceará por três mandatos, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) briga na justiça conforme o jornal Valor, para controlar a seção local do partido. Tasso, que não disputa a reeleição, tenta levar a sigla para uma coligação com o PDT de Ciro Gomes, que concorre ao governo do Estado com o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Mas o presidente local do PSDB, Chiquinho Feitosa, seu suplente do senador, tem outros planos e busca a neutralidade dos tucanos no Ceará, para favorecer o grupo do ex-governador Camilo Santana (PT).
O senador tucano declarou nas redes sociais, depois de muita negociação, que seu partido se coligaria ao PDT. No pacote do acordo com o grupo de Ciro, caberia ao PSDB a vaga de senador na aliança, para a qual foi lançada o empresário Amarílio Macêdo.
A decisão da convenção do PSDB cearense, entretanto, foi pela neutralidade. Feitosa havia tentado antes fechar uma aliança formal com o PT, em troca da suplência ao Senado na chapa de Santana, que é favorito para se eleger e conta ser nomeado ministro na hipótese do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser eleito presidente.
A resistência de Tasso frustrou a articulação pró-PT de Feitosa, mas a convenção do PSDB no dia 4 de agosto também impediu a coligação com o PDT. Houve bate-boca entre os correligionários e até acusações de “golpe” por uma antecipação do horário da reunião. A neutralidade foi confirmada por nove votos. Em protesto, parte do diretório recusou-se a votar.
Feitosa diz que seguiu tudo o que estabelece a legislação. “Não foi uma decisão unilateral. Eu vinha me reunindo com o senador Tasso normalmente e tratando sobre tudo isso. Levei o assunto para ser apreciado pelos membros do partido. Então eu não sei onde é que se caracteriza um golpe”, afirma. O apoio ao PDT foi anunciado por Tasso dias antes, sem acordo prévio com Feitosa, e a partir daí as conversas cessaram.
No dia seguinte à convenção conflituosa, a resolução pela neutralidade foi revogada pela intervenção da executiva nacional tucana. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, atendeu a um pedido de Tasso e exonerou Feitosa. O senador foi, então, empossado no comando estadual do partido. Novamente com as rédeas da situação, Tasso reforçou apoio ao candidato cirista, Roberto Cláudio, e oficializou Macêdo ao Senado.
O impasse foi parar na Justiça. Na quarta-feira, dia 10, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconheceu a convenção liderada por Feitosa e devolveu a ele o comando do diretório estadual. A questão ainda não está definida, já que o grupo de Tasso entrou com mais um recurso para reverter a decisão liminar. Por conta disso, a candidatura tucana ao Senado está temporariamente invalidada. E as chapas também seguem indefinidas.
O senador chamou o rumo da convenção convocada por Feitosa de “bizarro” e “inédito”. Procurado pelo Valor, Tasso não quis comentar o conflito antes de decisão final do TSE.