O número de filiados a partidos políticos que moram no exterior disparou de 1,3 mil para 12.216 nos últimos quatro anos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O crescimento de 839%, o maior da série histórica iniciada em 2010, mostrou segundo o jornal O Globo um maior interesse de jovens expatriados de 18 a 24 anos na política brasileira e preferência por siglas tradicionais.
Nos últimos quatro anos, a mudança no perfil de filiações entre os expatriados levou o PT, partido do ex-presidente Lula, a liderar o ranking, posto antes ocupado pelo MDB. O número de petistas no exterior saiu de 154 para 1.814 entre 2018 e agosto de 2022, uma variação superior a 1.000%.
Legendas como MDB e PSDB também cresceram em número de apoiadores fora do país, mas perderam espaço frente aos petistas. A legenda da senadora Simone Tebet (MS), candidata à Presidência, hoje conta com 1.435 filiados, contra 225 de 2018, enquanto o PSDB congrega 1.372, bem mais que os 163 de 2018.
Na avaliação de Josué Medeiros, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Observatório Político e Eleitoral, a onda em defesa da democracia e o crescimento da tendência de fuga de cérebros pela crise econômica explicam a disparada:
— É uma onda geral de ameaça à democracia, tanto que vimos o crescimento de filiações e de jovens tirando o título de eleitor. E, em defesa da democracia, as pessoas costumam procurar mais partidos de esquerda, que costumam convidar pessoas para se filiar.
Houve ainda um deslocamento das localidades com maior número de expatriados ligados a um partido político. Em 2018, cidades dos Estados Unidos — país à época comandado pelo republicano Donald Trump, liderança de extrema-direita a quem o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro se aliou — figuravam entre os locais com mais filiados a legendas brasileiras, como Nova York (240), Miami (169) e Boston (146). Por outro lado, neste ano, algumas das principais cidades da Europa, como Lisboa (1.247), Londres (866) e Porto (803) lideram o ranking.