A norte-americana ICM e a brasileira Impacto Energia informaram nesta segunda-feira (8) na Reuters, que assinaram um contrato para a construção da primeira biorrefinaria de etanol de milho com moagem a seco da Bahia. No estado, o grande incentivador nos últimos anos dessa indústria tem sido o vice-governador João Leão (PP). Quando estava à frente da secretaria de Planejamento da Bahia e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Leão conseguiu atrair investidores. Graças a João Leão, a Bahia terá um complexo com capacidade instalada de até 11 usinas produtoras de açúcar e álcool no município de Muqúem do São Francisco, localizado às margens do Vale do São Francisco. A responsabilidade da implantação e execução são de responsabilidade de um grupo empresarial sediado em Pernambuco, apoiado pelo Banco do Nordeste.
A planta greenfield terá capacidade de moer diariamente 1.700 toneladas de milho, produzindo 260 milhões de litros de etanol anidro por ano e recuperando 9.000 toneladas de óleo de milho.
A unidade contará com equipamentos e tecnologia fornecidos pela ICM e será operada pela produtora de biocombustíveis e bioquímicos Impacto Bioenergia, um braço da Impacto Energia.
A previsão é que a operação comece no primeiro trimestre de 2025. As empresas não divulgaram o valor dos investimentos em função de um acordo de confidencialidade.
Hoje, a Impacto Bioenergia possui e opera uma usina de etanol de cana-de-açúcar no Nordeste, no Alagoas. A nova unidade baiana será a primeira a processar exclusivamente milho.
Segundo as empresas, a refinaria também vai recombinar componentes de farelos em 185.000 toneladas de DDGS padrão (grãos secos de destilaria com solúveis).
“Este projeto trará muitas oportunidades para o agronegócio na região, e acreditamos que é apenas o começo. Já estamos de olho em uma futura expansão”, disse o CEO da Impacto, Emilio Rietmann, em nota.
As empresas disseram, em nota, que o fato de o Brasil ter duas safras permite que as biorrefinarias de milho operem o ano inteiro, maximizando o tempo de operação e os lucros do negócio.
“Estamos entusiasmados em sermos os primeiros a utilizar o processo de etanol de milho no estado da Bahia”, disse em nota o presidente da ENESA Investimentos, acionista majoritária da Impacto Energia, Hermes Eduardo Moreira Filho.
Segundo os dados mais recentes da reguladora ANP, de janeiro a maio deste ano 91,3% de toda a matéria-prima usada na produção de etanol no Brasil veio da cana-de-açúcar, enquanto apenas 8,7% foi referente a outros insumos. Desse grupo, 55,64% do que foi produzido veio do milho.
Em junho, a BSBios, maior produtora de biodiesel do Brasil, anunciou a assinatura de um protocolo de intenções junto com o governo do Rio Grande do Sul para investir 316 milhões de reais em uma usina produtora de etanol, no Estado, a partir de cereais como milho, trigo, triticale, arroz e sorgo.