O PSDB oficializou, neste sábado (30), a candidatura de Rodrigo Garcia ao governo de São Paulo. Apesar da pressão do União Brasil, o tucano não bateu o martelo segundo Bianca Gomes, do O Globo, sobre quem ocupará a vice ou a vaga do Senado, decisão que deve ficar para o dia 5 de agosto, data-limite prevista em lei.
Atual governador do estado, posto que assumiu depois que João Doria deixou a cadeira para ser pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Rodrigo Garcia entrou no palco da convenção tucana dirigindo um fusca, ao som de um jingle que reforçava o fato dele ser um ” paulista raiz”, mote de sua campanha para fazer um contraponto ao ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é carioca.
Ao lado de Tomás Covas, filho de Bruno Covas, o governador prestou uma homenagem ao ex-prefeito paulista, morto no ano passado. Depois, ainda saudou figuras históricas do PSDB, como os ex-governadores Mário Covas e José Serra, e defendeu os legados tucanos, citando o Bom Prato e o Poupatempo.
Em seu discurso, Garcia adotou um tom conciliador. Apesar dos acenos recentes ao eleitorado conservador, disputado também por Tarcísio, candidato bolsonarista em São Paulo, o tucano se colocou como um candidato nem da direita e nem da esquerda.
— Meus adversários estão vindo para dividir o nosso estado. Não quero divisão, quero união. Não quero dividir, quero somar — afirmou ele.
Em crítica indireta ao bolsonarismo, ele afirmou que quer debater “não pegando em armas”, mas a partir de ideias. Disse ainda, sem citar o nome de Tarcísio, que o adversário “caiu de paraquedas” na eleição paulista e veio para defender os interesses de um grupo político, e não de São Paulo.
— Quer fazer de São Paulo parquinho de diversão de candidato à Presidência.
O governador também fez críticas ao ex-prefeito Fernando Haddad, candidato do PT na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes:
— (Haddad) Já teve a oportunidade de governar a cidade e, depois, quando foi avaliada a sua administração, tomou cartão vermelho, foi para a casa, perdeu para branco e nulo.
Embate entre aliados
Como mostrou o Globo, a vaga de vice na chapa de Garcia vem sendo disputada por dois partidos aliados, União Brasil e MDB. A sigla liderada por Luciano Bivar, pré-candidato à Presidência, que passou recentemente a negociar com o PT, argumenta que seu apoio quase dobra o tempo de televisão do governador paulista, motivo suficiente para garantir a vaga.
Já os emedebistas cobram de Garcia um acordo selado com o ex-prefeito Bruno Covas para a escolha do nome, tarefa que agora caberia ao prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB). Não por acaso, o ex-secretário municipal de Saúde Edson Aparecido, que é um dos fundadores do PSDB, deixou o partido há três meses para ser vice do governador.
A situação tem desgastado a relação de Garcia com Nunes, que apesar disso marcou presença no evento deste sábado, realizado no Ginásio do Ibirapuera. A aliança com o chefe do Executivo municipal é tida como necessária para a disputa de votos na capital, onde o ex-prefeito Fernando Haddad leva vantagem, avaliam aliados do governador de São Paulo.
Em discurso antes de Garcia subir ao palco, Nunes ressaltou a experiência do tucano na máquina administrativa e no Legislativo, afirmando que o governador é do “diálogo” e vai evitar que São Paulo se torne um “ringue” de luta. Admitiu, porém, que não será uma disputa fácil e que “não existe campanha ganha”.
A eleição polarizada no estado também pautou falas de dirigentes partidários, como Roberto Freire, presidente do Cidadania, Renata Abreu, do Podemos, e Baleia Rossi, do MDB.
— São Paulo não é para ser dirigido por cabo eleitoral. É para ser dirigido por quem tem raiz, compromisso e capacidade administrativa — declarou Freire.
Além de Nunes, também compareceram à convenção estadual tucana o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e o vice-presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
O ex-governador João Doria (PSDB), de quem Garcia foi vice, não foi ao evento. Em nota enviada ontem à noite por sua assessoria de imprensa, Doria disse que está em viagem ao exterior, e por isso declinou do convite. Mas reafirmou a “confiança e apoio” na reeleição do aliado.
Guinada à direita
Empatado em segundo lugar com Tarcísio de Freitas na última pesquisa do Instituto Datafolha, de junho, Garcia tem se esforçado para conquistar o voto de eleitores da direita no estado, uma forma também de se descolar de Doria, cuja rejeição é alta.
Para isso, o governador de São Paulo ampliou alianças com partidos ligados nacionalmente ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como PP, Patriotas e parte do PL, e investiu em medidas voltadas para os policiais. A mais recente, um decreto que obriga a Defensoria Pública a oferecer assistência jurídica gratuita aos profissionais.
Garcia também tem flertado com o agronegócio, outra classe ligada ao bolsonarismo: o agro. Na última quinta-feira, ele foi a Presidente Prudente para regulamentar uma lei que permite a transferência de terras do estado a produtores rurais.