Esta será a segunda viagem de Vladimir Putin ao exterior desde que lançou sua ofensiva na Ucrânia em 24 de fevereiro. Putin, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente iraniano Ebrahim Raissi participarão de “uma reunião dos chefes de Estado que garantem o processo de paz” na Síria, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em 12 de julho.
Rússia, Turquia e Irã são os três principais atores da guerra que se desenrola na Síria desde 2011.
Moscou e Teerã apoiam o governo de Bashar al-Assad e Ancara apoia os rebeldes. Os três países lançaram o chamado “processo de Astana” em 2017, cujo objetivo oficial é levar a paz à Síria.
Desde o final de maio, a Turquia ameaçou lançar uma nova operação militar no norte da Síria, onde busca criar uma “zona de segurança” de 30 quilômetros na fronteira. Teerã e Moscou se opõem.
O exército turco, presente em áreas do norte do território sírio, na fronteira com a Turquia, já lançou três grandes operações na Síria entre 2016 e 2019.
Agora quer lançar uma operação contra Tal Rifaat e Manbij, duas cidades sob o controle das Unidades de Proteção Popular (YPG), milícia curda que a Turquia acusa de ser filiada ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificada como terrorista por Ancara.
Poucos dias antes da cúpula, Mazlum Abdi, comandante-chefe das Forças Democráticas Sírias (SDF, dominadas pelo YPG), que combateu jihadistas do Estado Islâmico (EI) com o apoio de Washington, disse esperar que os curdos “não sejam usados como moeda de troca” nas negociações.
Terça-feira será a primeira vez que Erdogan e Putin se encontrarão desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. A Turquia, membro da Otan, tentou manter contato com ambos os países, oferecendo-se como mediadora em várias ocasiões.
“Além da reunião tripartite, haverá também uma reunião bilateral com Erdogan” no mesmo dia, anunciou o Kremlin na semana passada. Ambos os líderes devem falar sobre a Ucrânia e, mais precisamente, sobre como desbloquear as exportações de grãos ucranianos.
“O momento desta cúpula não foi escolhido por acaso”, disse à AFP o analista russo Vladimir Sotnikov. “Enquanto a Rússia está realizando sua ‘operação especial’ na Ucrânia, a Turquia também quer lançar uma ‘operação especial’ na Síria. Este será o tema principal da cúpula”.