A esposa do policial penal federal Jorge Guaranho, agente que se envolveu em uma troca de tiros que terminou com a morte do guarda civil Marcelo Arruda durante uma festa de aniversário em Foz do Iguaçu, no Paraná, na noite do último sábado (9), negou conforme entrevista ao site Brasil Sem Medo, que o crime tenha sido motivado por razões políticas.
De acordo com a mulher, o conflito começou quando Guaranho fazia uma ronda pela região. Antes disso, o casal tinha ido a um churrasco em um clube próximo ao local da festa de aniversário de Arruda. Na volta, eles teriam se deparado com a festa e, segundo ela, teriam sido hostilizados em razão de uma música com referência a Bolsonaro que tocava no carro do policial.
– Quando chegamos ao local da festa, percebemos que era um aniversário temático do PT. Quando as pessoas que estavam na festa ouviram o som da música que vinha do nosso carro, se sentiram ofendidas e começaram a gritar. Meu marido fez a volta com o carro, botou a cabeça para fora e gritou: “Bolsonaro mito!”. Nesse momento, o aniversariante pegou um punhado de pedras e terra que arrancou de uma floreira e jogou no meu marido, chegando a acertar em mim, que usei o corpo para proteger o bebê – relatou.
Na sequência, de acordo com ela, o casal teria voltado ao carro e saído do local. No entanto, Guaranho teria decidido voltar por, segundo a esposa, ter se sentido “ofendido demais por ser atacado no clube que ele costumava frequentar por pessoas que ele não conhecia”. A mulher relatou que o policial costumava jogar futebol às segundas-feiras no clube onde aconteceu o aniversário.
– O maior erro do meu marido foi voltar àquele lugar (…). Pedi ao Guaranho para não voltar, mas ele insistiu, queria tirar satisfação. Afinal, ouvir uma música e gritar “Bolsonaro mito” não é crime, até onde se saiba – apontou.
A esposa de Guaranho sustentou ainda que o caso não teve relação com política e diz que o marido, apesar de ser apoiador de Bolsonaro, convive normalmente com pessoas que não gostam do atual presidente da República.
– Minha mãe e meu padrasto já votaram no PT e a relação de amizade deles com o Guaranho é muito forte, nós vivemos juntos. Ele convive normalmente com várias pessoas que não gostam do Bolsonaro. O que aconteceu não tem nada a ver com política. Foi uma situação infeliz e trágica – relatou.
Além disso, a esposa do policial penal ressalta que o marido efetuou quatro tiros, enquanto o guarda civil teria feito 17 disparos. A mulher destacou também que o marido foi agredido quando já estava baleado. Para a mulher, a história foi “mal contada” por parte da mídia.
– Se você analisar, meu marido tinha uma pistola .40 com 15 munições, e 11 cartuchos estavam intactos – ou seja, ele disparou apenas quatro vezes, sendo que a primeira foi de contenção, na perna do atirador. Marcelo estava com uma pistola 380 com 20 munições, e só sobraram três cartuchos intactos. Isso quer dizer que ele disparou dezessete vezes. Os números também falam por si – diz.
Ao final, a esposa de Guaranho lamentou a morte de Marcelo e disse reconhecer que o marido errou. De acordo com ela, tanto sua família quanto a do guarda civil “saíram destruídas” do ocorrido.
– Quero dizer que eu sinto muito pela família do Marcelo Arruda. Sinto muito por essa morte, e não quero dizer aqui que meu marido estava certo. Ele errou. Mas tenho direito de dar a minha versão dos fatos, pois estou muito abalada com tudo isso. Afinal, duas famílias saíram destruídas dessa história – finalizou.