Para compreender como se organizam as nações nos conflitos atuais é preciso antes entender os principais referenciais históricos no campo militar. Um dos autores mais influentes neste quesito é o chinês Sun Tzu, autor de A Arte da Guerra. O tópico foi tema do 47º episódio do podcast Liberdade em Foco, em que foi realizada uma análise dos ensinamentos do general na invasão russa à Ucrânia.
Durante a conversa, o presidente da Fundação da Liberdade Econômica (FLE), Márcio Coimbra, falou sobre a influência do estrategista que é o principal nome relacionado a escola militar de filosofia chinesa. Para tratar do assunto, foi convidado o mestre e doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Paulo Kramer.
O conteúdo, que está disponível no Spotify e no site da FLE, propõe uma observação ao comportamento do Kremlin e também da reação do Ocidente chefiada pelos Estados Unidos. Como acreditava Tzu, o objetivo não é destruir o inimigo diretamente pelo conflito em campo aberto, mas derrotá-lo sem que seja preciso iniciar uma investida.
“O filósofo afirmava que ‘ao cercar um inimigo, deixe sempre uma saída ou ele lutará até a morte”, explicou Kramer. “Algo que pode ser percebido em ambos nas táticas de ambos os lados quando os esforços se concentram na desmoralização do inimigo com a mobilização da opinião pública e na manipulação dos jornais”, reiterou ele.
Por mais que a iniciativa americana tenha surpreendido Putin, que esperava um cenário de inércia como aconteceu na invasão à Geórgia e na anexação da Crimeia, a OTAN não pode intervir diretamente no conflito já que isso configura uma declaração de guerra.
O cientista político ironiza, inclusive, o posicionamento estadunidense frente à Rússia, que está focado nas sanções comerciais e não no auxílio bélico. “Os Estados Unidos estão dispostos a defender a Ucrânia até a última gota de sangue ucraniano”, reiterou ele.
Seguindo a filosofia do estrategista que viveu séculos antes de Cristo, a China assume um lado imparcial de maneira pragmática neste cenário. O especialista da FLE comentou que a principal arma russa é a dependência europeia de seus insumos.
“A Alemanha pretende tornar-se independente em alguns anos dos produtos russos, como o gás natural e o petróleo. Algo que também está sendo planejado por outros países da Europa e que deve ser finalizado até o fim desta década”, concluiu ele.