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quarta-feira 15 de junho de 2022 às 06:23h

Entenda o que é o IPD, índice para medir a popularidade digital dos pré-candidatos

NOTÍCIAS, POLÍTICA


A Folha passa a publicar mensalmente a partir desta quarta-feira (15), até as eleições, o Índice de Popularidade Digital (IPD) dos possíveis candidatos à Presidência e aos governos de oito estados.

O indicador mede diariamente o desempenho dos políticos nas redes sociais e ajuda a sentir a temperatura da corrida eleitoral no país e em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará e Bahia.

O número, que varia de 0 a 100, é calculado pela Quaest Consultoria e Pesquisa desde 2018. A empresa mineira desenvolveu um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis de seis sites: Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipedia e Google.

Essas variáveis são agrupadas em seis “dimensões de análise”, que depois são inseridas em uma equação que resulta no índice:

  • Presença digital (perfis ativos nas redes sociais)
  • Fama (número de seguidores; aumenta quando há mais menções e follows)
  • Engajamento (interação, comentários e curtidas por postagem; aumenta quando a audiência reage acima da média)
  • Mobilização (compartilhamento das postagens; aumenta quando usuários passam a falar mais sobre o político para sua rede de amigos de forma espontânea)
  • Valência (proporção de reações positivas e negativas às postagens)
  • Interesse (volume de buscas no Google, YouTube e Wikipedia)

O peso que cada dimensão terá nessa equação é determinado por um modelo assimilado pela máquina a partir dos resultados reais das eleições de 2018, com milhares de candidaturas monitoradas pela empresa desde aquele ano.

Também são consideradas informações pessoais de cada político fornecidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ou outras fontes públicas e dados de pleitos anteriores para os mesmos cargos ou distritos, para mensurar a competitividade histórica das disputas.

Ao final, o algoritmo compara as personalidades e as posiciona num ranking, além de analisar quais das seis dimensões explicam seu sucesso ou fracasso em cada rede.

Assim, segundo a Quaest, o IPD capta o ciclo completo de formação de popularidade na internet. Primeiro, as pessoas buscam informações sobre o político em buscadores, depois, o procuram e interagem com ele nas redes sociais e, por fim, passam a segui-lo e a divulgar seus conteúdos para outras pessoas.

​O IPD surgiu de pesquisas desenvolvidas desde 2017 pelo grupo de estudos do cientista político e estatístico Felipe Nunes, diretor da Quaest e professor de comunicação política e métodos quantitativos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O pesquisador explica que descobriu uma relação positiva entre comportamento político em redes sociais e comportamento eleitoral —ou seja, ele provou que mais engajamento na internet significa mais votos. O que o algoritmo faz, portanto, é mensurar o peso que esse engajamento tem na quantidade de votos.

“O IPD é muito mais do que medir quem vai bem ou mal nas redes sociais. Ele é, a partir das redes, o que esperamos que aconteça nas eleições”, diz Nunes. Ele cita como inspiração a antecipação da descoberta de epidemias por meio do Google, onde as pessoas procuram previamente informações sobre doenças.

Na prática, o índice é um diário da performance dos candidatos na campanha eleitoral, formando um gráfico que representa o desempenho virtual desses políticos ao longo do tempo. A linha sobe ou cai de acordo com o que eles falam e fazem durante a corrida.

O gráfico que retrata o ano passado inteiro, por exemplo, mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou o Índice de Popularidade Digital na maior parte de 2021, mas foi ultrapassado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em novembro e dezembro, quando o rival realizou uma série de viagens pela Europa.

Outra análise feita antes disso, em setembro, indicou que Bolsonaro chegou a um de seus melhores desempenhos nas redes durante as manifestações do Dia da Independência. Dois dias depois, ao divulgar uma carta em que voltava atrás nos ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal), o número despencou.

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