A regulamentação da profissão de salva-vidas e as condições de trabalho na Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar) foram tema da audiência pública realizada na manhã da última quarta-feira (8). A atividade, no Centro de Cultura da Câmara, foi presidida pelo vereador e ouvidor-geral da Câmara Municipal de Salvador, Augusto Vasconcelos (PCdoB), e ouviu as reivindicações da categoria.
Com o objetivo de assegurar os direitos dos profissionais, ficou definido na audiência o encaminhamento de um documento com todos os assuntos tratados na audiência para todos os 43 vereadores da Câmara, a gestão da Salvamar, aos órgãos da prefeitura e ao gabinete do prefeito Bruno Reis.
Como diz o vereador Augusto Vasconcelos, a audiência levou em consideração o “número insuficiente dos salva-vidas em Salvador, que, mesmo sendo a capital com a maior faixa litorânea do país, conta com a escassez de profissionais, além de oferecer péssimas condições de trabalho e desvalorização profissional”. O ouvidor-geral da Câmara ressaltou a realização do evento como um espaço de escuta e da criação de ações que atendam às necessidades desses trabalhadores.
“É evidente que, em um universo de uma orla tão grande, saber que hoje as atividades da Salvamar estão restritas à Orla Atlântica, deixando desguarnecidas as praias do subúrbio, gera uma grande preocupação, não só com crianças, adolescentes e idosos, mas com a população adulta também”, disse o vereador.
Condições de trabalho
Entre as pautas abordadas foram citados os postos de trabalho dos profissionais e a falta de estrutura, como ausência de cobertura, banheiros e equipamentos para o salvamento de vidas. “Com péssimas condições de trabalho, os relatos evidenciam a realidade dos servidores, que estão adoecidos psicológica e fisicamente, resultado da exaustão do trabalho”, como observa Augusto.
“Todos os números, todos os dados, todas as coisas que estão aí nos remetem para a segurança pública, num âmbito de uma cidade como Salvador”, destacou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), Jorge Cerqueira.
Presente ao evento, o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia, Maurício Cerqueira, relatou sua experiência em visitas realizadas aos locais de trabalho dos salva-vidas nas diversas regiões de Salvador. “Compartilho aqui a minha perplexidade de não ter ninguém aqui da Prefeitura para ver e ouvir. Contra fatos não há argumentos. O primeiro posto do município estava abandonado, com péssima estrutura. Quando cheguei ao próximo, a situação estava ainda pior, sem cadeado, com uma correntinha e no lado de fora repleto de preservativos”, contou Maurício.
Mesa – Além dos já citados, compuseram a mesa da audiência o diretor de Políticas Sindicais do Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps), Pedro Barretto; e o integrante do Ministério Público do Estado da Bahia e coordenador do Centro de Apoio Operacional as Promotorias de Justiça de Proteção à Moralidade Administrativa (Caopam), Frank Monteiro.