Conforme o colunista Chico Alves, do UOL, parcela das forças de segurança querem influenciar com suas pautas os poderes Legislativo e Executivo. Por isso, pelo menos cinco deles serão candidatos a deputado estadual, deputado federal e governador em vários estados. “Um dos nossos lemas está na faixa que a gente leva nas manifestações: ‘dentro da ordem, contra a ordem’. Ou seja, nós queremos a transformação social para estabelecer uma ordem que seja de interesse da classe trabalhadora”, explica Orlando Zaccone, delegado da Polícia Civil do Rio há 22 anos, que é pré-candidato a deputado federal pelo PDT.
Em julho de 2020, 579 servidores estaduais e federais do grupo Policiais Antifascismo foram alvo de uma investigação sigilosa por parte do Ministério da Justiça, na época dirigido por André Mendonça. Como revelou no UOL o jornalista Rubens Valente, o ministério produziu um dossiê com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas.
Agora, alguns deles querem passar da militância à atuação direta em mandatos políticos. Capitão da Polícia Militar, Vinícius Sousa é integrante do grupo e pré-candidato a governador do Espírito Santo pelo PSTU. Para a segurança pública, um dos principais problemas citados pelos eleitores capixabas, ele tem planos que levam em conta o que chama de guerra de classe no Brasil. “Nós precisamos de polícia de carreira única, precisamos de uma polícia desmilitarizada. Há muito que um governador pode fazer nessa direção”, defende Sousa, que segue a ideologia comunista.
Outro representante da polícia segundo Chico Alves, que devem tentar a sorte nas urnas mirando o Executivo estadual é Kleber Rosa, inspetor da Polícia Civil que vai concorrer a governador na Bahia, pelo PSOL.
Em Goiás, o representante é Fabrício Rosa, da Polícia Rodoviária Federal, que vai concorrer a deputado estadual pelo PT. “Nosso movimento denuncia a instrumentalização da segurança pública no sentido de fazer aparentar que nós policiais temos respostas para questões que não são de cunho policial”, explica Rosa. “O bolsonarismo tenta usar a ausência de políticas públicas no campo educacional, da cultura, da saúde para fazer parecer que as armas, a violência, a polícia, a criminalização, o direito penal vão dar respostas para as grandes questões do país”.
Também vão concorrer a deputado estadual dois policiais civis: Áureo Cisnero, pelo PSOL de Pernambuco, e Pedro Che, pelo PT do Rio Grande do Norte.
“É importante dizer que nós não queremos levar os partidos para dentro do movimento, mas sim o contrário: levar o movimento para dentro dos partidos”, diz Orlando Zaccone, que é um dos coordenadores nacionais dos Policiais Antifascismo. “Se não for assim, a gente se divide”.