Guardado numa das maiores caixas-fortes do Mundo, atrás de duas portas de cinco toneladas, o tesouro real português vai a partir desta quarta-feira (1º) estar em exposição no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, onde vai ser inaugurado o novo Museu do Tesouro Real, com as presenças do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro António Costa e de Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Este é um projeto que durante 226 anos esteve inacabado e que recebe agora todo o brilho do tesouro real. “Este projeto é, em primeiro lugar, para os portugueses, pois valoriza a nossa memória histórica, disponibiliza espólio que nunca esteve disponível para que a nossa população usufrua, mas também terá impacto turístico”, assegurou Vítor Costa, diretor-geral do Turismo de Lisboa. Entre residentes e turistas, é esperado que o novo museu atraía qualquer coisa como 275 mil visitantes por ano.
O Museu do Tesouro Real está também preparado para receber exposições temporárias com um nível de segurança semelhante, como foi mencionado pelo diretor científico do museu, José Alberto Ribeiro. Aliás, a segurança foi mesmo a maior preocupação, como neste projeto como fez questão de dizer o arquiteto do edifício, João Carlos Santos. “Além de estarmos a fazer uma intervenção junto a um edifício classificado como monumento nacional, a instalação da exposição tinha, logo à partida, uma gestão complicada, que era saber como é que podíamos mostrar esta coleção do tesouro real em condições de segurança”, revela. Contudo, outros pormenores foram tidos em atenção como, por exemplo, as as luzes, instaladas para destacar o brilho das peças, uma vez que a caixa-forte não tem janelas.
O Hábito da Ordem do Tosão
Uma das peças mais importantes da exposição é o Hábito da Ordem do Tosão, que tem de dois diamantes cor-de-rosa, rubis, safiras, ouro e prata, e foi feito a partir do desmancho de uma antiga condecoração e de uma placa das três ordens militares, que foram recuperadas pela Rainha D. Maria I, em 1789.
Esta obra prima, que foi adquirida pelo Estado Português em 1943 aos herdeiros de D. Miguel, está exposta numa vitrina tubular e, como tal, é possível observar a peça em todo o seu esplendor, em todo o redor, sendo ainda possível ver o seu reverso, que apresenta a particularidade de todos os diamantes e rubis terem sido colocados em cravação aberta, o que dá um maior reflexo da luz, de acordo com os especialistas.
Refira-se que a insígnia da Ordem do Tosão de Ouro foi criada por ocasião do casamento do Duque de Borgonha, Filipe, o Bom, e Isabel de Portugal, filha de D. João I.
Objetos Rituais da Monarquia
O quinto núcleo do museu é dedicado aos objetos utilizados pela monarquia portuguesa durante cerimónias régias e de aclamação. Nesta zona podemos encontrar, por exemplo, a coroa dos reis de Portugal, totalmente feita em ouro, cetros, alguns mantos, o estoque, o trono real, o missal, o crucifixo e a almofada onde ficava pousada a coroa.
O manto real utilizado pelo rei D. Carlos e utilizado desde D. Luís até D. Manuel II, está em exposição junto ao trono real e ao retrato de D. Carlos, pintado por José Malhoa. Este era o manto usado para a aclamação e a abertura do parlamento, em tempos de monarquia constitucional. O museu inclui ainda um núcleo dedicado ao ouro e aos diamantes do Brasil, outro onde estão expostas as moedas e as medalhas da Coroa, e ainda um onde estão em destaque as joias. “Estamos a falar de 22 mil pedras nesta caixa-forte, sendo que 18 mil são diamantes”, adianta o diretor científico, José Alberto Ribeiro.
O projeto de 31 milhões de euros teve por base um protocolo entre o Ministério da Cultura, através da Direção-Geral do Património Cultural, a Câmara Municipal de Lisboa e a Associação de Turismo de Lisboa. A abertura ao público será na quinta-feira e a entrada para o museu custará 10 euros.