Especial produzido pelo jornalismo da TV Aratu reúne casos antigos que seguem em aberto e sem sinais de conclusão; Cidade Aratu exibe a partir de segunda (9)
Por que tanta demora? Esta é a pergunta que as famílias de Davi, Siomário e Luiz Jader, mortos ou desaparecidos na Bahia, fazem na série de quatro episódios produzida pela TV Aratu que vai ao ar a partir desta segunda-feira (9) na Cidade Aratu. Um menino de 11 anos, desaparecido há um ano. Um homem que desapareceu e, um ano depois da denúncia, a família descobriu que ele já estava morto enquanto, para a polícia, ele continuava desaparecido. Um inquérito que dura 24 anos sem solução porque o documento desapareceu.
Os três casos são distintos em tempo e fatos, mas seguem com inquéritos abertos. A ideia da apresentadora da Cidade Aratu, e jornalista, Lívia Calmon, ganhou vida através da sensibilidade e apuração da produtora e jornalista Rosane Chaves. “Ao apurar a evolução de alguns crimes que acompanhamos, percebemos que alguns casos tinham os prazos de conclusão de inquéritos renovados de forma sucessiva. Um deles nem os registros a Polícia Civil tinha mais porque aconteceu há muito tempo e os papéis sumiram da delegacia. A partir daí, fiz contato com familiares que reforçavam as falhas existentes nas investigações e que mostraremos nos episódios. O retorno das autoridades é surpreendente”, relata Rosane.
Roteirista da série e coordenador de conteúdo da Cidade Aratu, o jornalista Diego Salviano avalia que a série se destaca entre os conteúdos jornalísticos produzidos na Bahia. “A TV Aratu tem se consolidado pela produção de conteúdo especial com documentários e séries especiais. Sem pestanejar, digo que este está entre os melhores, com conteúdo mais elaborado, narrativa bem alinhada e com o propósito claro de incentivar melhorias nas políticas de segurança pública da Bahia”.
Casos
O primeiro dos casos relatados é o de Davi Lima, garoto de 11 anos que morava em Salvador e desapareceu durante as férias em Itiúba, no interior da Bahia. O sumiço completou um ano e, segundo familiares, por correr em segredo de justiça, o acesso às informações é difícil. A mãe pretende levar à Justiça Federal em busca de celeridade e conclusões.
Há um ano, Siomário de Souza Santos, 32 anos, desapareceu em Salvador. Os parentes prestaram queixa e, enquanto o inquérito corria na Polícia Civil da Bahia sem pistas sobre o paradeiro, a família foi informada pelo INSS, um ano depois, que o senhor de 32 anos estava morto, enterrado como indigente. Enquanto a autoridade policial segue com investigações sem confirmar a morte, a família tenta exumar o corpo para confirmar a perda do ente.
A terceira história contada na série aconteceu há 24 anos. Luiz Jader Francisco Rosa, então com 1 ano e 3 meses, foi encontrado pelo pai desacordado. No hospital, constataram que ele havia tomado um tiro, provavelmente bala perdida. O pai tornou-se o principal suspeito, depois inocentado, mas o processo e investigações estagnaram porque o inquérito, de acordo com a PC, sumiu da 26ª DPP, de Abrantes, quando a documentação era ainda em versão impressa. Sem poder avançar no caso, a família consola-se com um processo por danos morais contra o condomínio onde estavam quando o crime aconteceu.
Para encontrar respostas e esclarecimentos sobre estes casos e procedimentos na instauração de inquéritos, a TV Aratu buscou as autoridades responsáveis, que serão apresentadas no quarto e último episódio da série. De acordo com a Polícia Civil, Tribunal de Justiça do Estado da Bahia e o Ministério Público da Bahia, os inquéritos não são contabilizados no estado. A equipe de reportagem também ouviu o Sindicato dos Policiais Civis da Bahia – Sindpoc, que apontou problemas de equipe e infraestrutura como empecilhos no trabalho investigativo.
Os quatro episódios da série “Inquéritos – Por que tanta demora?” vão ser exibidos de segunda (9) a quinta-feira (12), na Cidade Aratu.