O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (26) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi “estúpido” e “medíocre” ao conceder o indulto individual –também chamado de graça– ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
“O Bolsonaro foi estúpido quando fez essa decisão que ele tomou, essa graça que ele fez. Ele acha que é uma graça mesmo, não no sentido jurídico, mas do ponto de vista de sorrir. Ele foi medíocre”, disse Lula.
O ex-presidente ressaltou, no entanto, que Bolsonaro conseguiu o que queria ao ficar vários dias entre as principais notícias do país, e que por isso não havia comentado antes o caso.
“Essa é uma discussão que eu nem comentei nada, porque tudo o que ele (Bolsonaro) queria, aconteceu. Ele abafou o Carnaval. Fez isso na quinta-feira e isso ficou no noticiário na sexta, no sábado, no domingo e na segunda. Tudo o que ele quer é que ele permaneça no noticiário”, explicou.
O comentário foi feito em entrevista a youtubers e blogueiros de esquerda e foi a primeira vez que Lula falou no caso, ao contrário de outros pré-candidatos, que atacaram o indulto na última quinta-feira, dia em que foi publicado.
Ao ver Lula criticado por isso, auxiliares do ex-presidente afirmaram que o PT e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, haviam se manifestado institucionalmente, mas o silêncio de Lula até agora incomodou.
Na sequência, o ex-presidente afirmou que Bolsonaro tinha direito de dar o indulto e o STF irá julgar se teve erro, mas que o presidente criou um fato político.
“Ele tem o direito de fazer o indulto. A Suprema Corte tinha condenado o cidadão a nove anos de cadeia porque ele desrespeitou a instituição, ofendeu, xingou. Não sei se está certo também porque não sou advogado. Mas se ele desrespeitou e fez o indulto quem é que vai julgar? A própria Suprema Corte. E o que aconteceu? Ele transformou isso num fato político”, disse.
Evangélicos
O ex-presidente foi questionado também sobre sua relação com os evangélicos e os ataques que alguns pastores, ligados a Bolsonaro, fazem a ele constantemente. Segundo Lula, não se pode confundir alguns pastores com os evangélicos como um todo e nem tratar essa população como se fosse menos inteligente.
“Eles são espertos, inteligentes e cuidam da família como se deve cuidar”, disse. “Os evangélicos têm uma força extraordinária. A gente não tem que conversar com pastor, a gente não tem que ficar atrás daquele farofeiro que fala, fala, fala em nome de Deus cometendo pecado todo dia. Nós temos que conversar com o povo, o homem e a mulher evangélicos.”
O PT tem feito contato com representantes das igrejas evangélicas e chegou a planejar um programa, a ser feito por um pastor ligado ao partido, para ser transmitido a essas comunidades, mas a ideia não foi adiante.
Pesquisa eleitoral do instituto Ipespe, que faz uma segmentação da amostra de pesquisados por religião, mostra uma grande variação mês a mês nas intenções de voto nesse grupo, mas a maioria dos evangélicos entrevistados mostra preferência por Bolsonaro. No último levantamento, divulgado na semana passada, 45% deles votariam no atual presidente, enquanto Lula era o preferido de 34%.
Já Lula vence por 43% a 30% entre católicos e 58% a 21% entre os que declararam outras ou nenhuma religião.