O prefeito Eduardo Paes (PSD) não poderá mais pregar o olho quando viajar ou se afastar do Palácio da Cidade.
É que, enquanto o público via os salamaleques entre o prefeito e Cláudio Castro na pista da Marquês de Sapucaí, nos bastidores da avenida as relações entre Paes e o PL do governador pegavam fogo.
O prefeito cortou os últimos laços com o vice, Nílton Caldeira (PL), na primeira noite dos desfiles do Grupo Especial no Rio, quando removeu o moço do principal grupo de WhatsApp da prefeitura (aquele que reúne secretários e presidentes da maioria das empresas vinculadas) — como noticiou o colunista Guilheme Amado, do portal Metrópoles.
Só que, com isso, selou a independência de Caldeira na condução do município na sua ausência.
O vice disse ter decidido que vai cuidar da cidade de acordo com as necessidades do Rio e a sua consciência e a de seu grupo político — o PL de Altineu Côrtes, de Valdemar Costa Neto e do presidente Jair Bolsonaro.
“Não terá mais nada combinado. Ele não combina comigo, eu também não preciso combinar com ele. Vai ser da cabeça do nosso grupo político. A lei me faculta isso. Na ausência do prefeito, quem assume é o vice. E eu estou vivo”, avisa Caldeira.
As relações entre o prefeito e o PL azedaram desde a posse, quando Paes, segundo o presidente do partido no Rio, Altineu Côrtes, não deu o espaço prometido ao aliado no seu governo. Tudo piorou quando propôs indicar Caldeira para uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Município (TCM) e tirar o vice de seu caminho — e o PL não aceitou.
Daí em diante foi ladeira abaixo. Nomeou o moço na Secretaria de Habitação como um tapa-buraco, por um mês — e o tirou intempestivamente, para pôr no lugar o irmão do presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado (PSD). Despejou o moço de seu gabinete no andar do prefeito, e o alojou numa sala improvisada na Secretaria de Ordem Pública.
E, agora, varreu Caldeira de todas as informações sobre o andamento do governo.
“Esta atitude desrespeitosa não foi só comigo, mas, com o PL. Sou um dos fundadores e atual presidente municipal da sigla, as atitudes que não considero corretas do Eduardo comigo, na verdade, não vem de agora. (…) Falta de educação e soberba não combinam comigo, e se ele é assim, realmente não podemos mais sentar à mesma mesa”, disse o vice, em nota oficial.