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quarta-feira 20 de abril de 2022 às 08:22h

Alta de juros nos países ricos ameaça estabilidade financeira de emergentes

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As economias emergentes que formam o grupo G24 constataram nesta última terça-feira (20) que a guerra na Ucrânia intensifica riscos e fragiliza a recuperação econômica global. Também apontaram preocupação com “crescentes riscos para a estabilidade financeira que podem desestabilizar a recuperação econômica”, com um aumento de juros mais rápido que previsto em países desenvolvidos.

O G24 é considerado um dos grupos de países em desenvolvimento mais influentes no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI). Participam Índia, Brasil, África do Sul, México, Egito, Irã, Nigéria e outros.

Os ministros de Finanças do grupo, reunidos em Washington, apoiaram esforços internacionais na área humanitária no contexto da guerra na Ucrânia e pela restauração da paz e estabilidade.

Mencionaram que a pandemia de covid-19 impôs custos enormes. E que muitos obstáculos à recuperação global permanecem, com perspectivas de crescimento cada vez mais divergentes e incertas. Estimaram que o crescimento do PIB a médio prazo em economias emergentes e em desenvolvimento (EMDEs) deverá cair abaixo dos níveis de antes da pandemia.

Reconheceram que o investimento para estimular a recuperação é altamente limitado pelo espaço fiscal restrito e pelas crescentes vulnerabilidades da dívida. As crescentes pressões inflacionárias – impulsionadas por picos nos preços de alimentos, energia e commodities, pela pandemia e pelo impacto da guerra no fornecimento, comércio internacional e mercados financeiros – exacerbam as perdas de produção e a desigualdade.

Para o G24, é necessária uma ação global urgente para prevenir a fome e crises alimentares em países vulneráveis e famílias mais pobres e evitar o sofrimento financeiro em economias emergentes e em desenvolvimento altamente endividadas. Chamaram atenção para o impacto dos fluxos de refugiados e dos deslocados internos.

“Estamos preocupados com os riscos crescentes à estabilidade financeira que podem perturbar a recuperação econômica”, afirmam os ministros de Finanças do G24. “Ao administrar a saída das políticas macroeconômicas acomodatícias, as autoridades precisam fazer um equilíbrio entre conter a inflação em alta e apoiar a recuperação econômica’’, diz o comunicado. “Aumentos mais rápidos do que esperados nas taxas de juros em economias avançadas poderiam elevar as taxas globalmente e provocar saídas de capital dos países em desenvolvimento, reduzindo o acesso aos mercados financeiros e aumentando ainda mais as vulnerabilidades relacionadas à dívida.”

O G24 conclamou o FMI “a estar atento ao reconhecimento dos efeitos colaterais em sua supervisão bilateral e multilateral e a fornecer assessoria e apoio técnico aos países membros em tempo hábil e sob medida”. Mencionam também que o rápido crescimento dos ativos fintech e digitais tem o potencial de facilitar pagamentos transfronteiriços eficientes, mas também apresenta riscos, especialmente nos países emergentes e em desenvolvimento. Constataram que mais países estão explorando a emissão de Moedas Digitais do Banco Central (CBDCs), “que oferecem oportunidades, mas também representam desafios políticos globais”. Exortaram o FMI a analisar implicações da digitalização nos sistemas de pagamentos e fluxos de capital transfronteiriços à medida que se acelera a adoção de ativos e moedas digitais, para apoiar os países a mitigar os riscos.

Nesse contexto, os países do G24 dizem que vão continuar a fortalecer a combinação de políticas para assegurar a estabilidade financeira com base nas circunstâncias específicas de cada um.

Também reiteraram a necessidade de uma forte Rede Global de Segurança Financeira, com recursos adequados baseados em cotas do FMI em seu centro.

Os ministros dizem que o peso da dívida nos emergentes e em desenvolvimento aumentaram acentuadamente nos últimos dois anos, impulsionados em grande parte pela redução da receita fiscal e pelo aumento dos gastos públicos na reação à pandemia. E que os riscos relacionados à dívida precisam de atenção urgente para evitar problemas econômicos em países altamente endividados. O alívio da dívida exigirá mais financiamento para o desenvolvimento.

Também insistiram no compromisso internacional de acelerar as ações globais para enfrentar a ameaça das mudanças climáticas.

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