De acordo com Ricardo Kertzma, na IstoÉ, o presidente Jair Bolsonaro (PL), o verdugo do Planalto, é o ‘perfeito idiota latino-americano’, descrito pelo genial Vargas Llosa (e companhia), só que da Direita. Ignorante de pai e mãe e truculento até não poder mais, ancora-se – e escora-se! – exclusivamente na pauta reacionária (não confundir com conservadora ou liberal) de costumes e valores, para conseguir angariar atenção e votos. Fosse necessário mostrar algum bom serviço, estaria politicamente mais fulminado que a imagem internacional da Rússia.
Particularmente, creio que a grande imprensa teve papel fundamental na eleição de 2018. Em vez de questionar o amigão do Queiroz sobre temas relevantes, como economia, por exemplo, passou meses debatendo tortura, ditadura, ideologia de gênero, etc., temas caros ao eleitorado anti-petista e que Bolsonaro domina como poucos. Até porque, convenhamos, havia, como há, um enfaro da sociedade brasileira em relação ao politicamente correto e à forçação de barra do discurso intelectualóide das esquerdas.
Essa semana, o meliante de São Bernardo, Lula da Silva, derrapou feio e deu, como se diz no interior, milho para bode. Não sei se por soberba ou mesmo por algum grau de senilidade (a idade sempre chega, né?), o petista errou onde não podia e falou duas besteiras que lhe custarão caro: ‘todo mundo deve ter direito ao aborto’ e ‘se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa dele, não é para xingar, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele’.
Bem, o brasileiro é majoritariamente contra o aborto, conforme inúmeras pesquisas já apontaram, principalmente os religiosos. E é bandeira do devoto da cloroquina! Assim, o chefão do mensalão reforça o voto da direita em Bolsonaro e, de quebra, desagrada boa parte da sua base (60% entre os evangélicos). Sobre molestar deputados e suas famílias, não custa lembrar a reação – acertada! – do STF contra quem pregou violência a ministros da Casa, e a histeria bolsonarista contrária a respeito.
É bom o ex-tudo (ex-presidente, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro) botar a barba branca de molho, pois eleição é como peru, que não morre na véspera. A vantagem do descondenado ainda é grande, mas o crescimento do patriarca das rachadinhas é real, sobretudo após a ‘desistência de desistir’ de Sergio Moro, e as trombadas fratricidas dos postulantes do centro democrático. Eu adoraria ver o petista derreter. O problema é que eu adoraria ver Bolsonaro derreter também. Nessa história toda, só eu perco; e eles ganham.