Após quase quatro meses sem liderança do governo no Senado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu nesta quarta-feira (6) designar para o cargo o senador Carlos Viana (PL-MG).
Viana migrou recentemente para o PL, partido do chefe do Executivo, e é pré-candidato ao governo de Minas Gerais, em uma disputa atualmente polarizada entre Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PSD).
“Aceitei o convite e a publicação [no Diário Oficial da União] deve sair entre hoje e amanhã”, disse o senador à Folha.
Questionado se manteria sua pré-candidatura ao governo estadual, Viana apenas respondeu que sim e que conseguiria conciliar a campanha com o novo cargo.
“Sou pré-candidato e [ocupar a liderança] não vai atrapalhar [a minha pré-candidatura”, completou.
Carlos Viana já atuava como vice-líder do governo Bolsonaro no Senado. Na ausência de um líder oficial, o senador já vinha atuando de maneira ainda mais ativa, orientando voto e se manifestando em nome do governo.
O senador integrava até o fim do ano passado a bancada do PSD, mas havia migrado inicialmente para o MDB com o intuito de disputar o governo estadual. Isso porque o PSD já lançou o prefeito de Belo Horizonte Kalil como pré-candidato.
Mais recentemente, Viana trocou novamente de partido, dessa vez migrando para o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Na sexta-feira (1º), o senador anunciou sua pré-candidatura a governador pelo partido do mandatário do Planalto.
O anúncio foi feito por Viana nas redes sociais com foto em que aparecem Bolsonaro, o senador e o deputado federal Marcelo Álvaro Antonio (PL-MG), apontado no comunicado como pré-candidato ao Senado na chapa.
A união abre palanque dentro do próprio PL à reeleição de Bolsonaro no segundo maior colégio eleitoral do país.
Apesar de Viana ainda não decolar nas pesquisas, a pré-candidatura pelo partido do Bolsonaro pode alterar a relação de forças no estado. Isso porque praticamente sepulta a hipótese de aliança do atual governador Zema, líder nas pesquisas de intenção de voto, com Bolsonaro. A relação entre os dois já estava estremecida.
Zema chegou a pedir voto para o então candidato Bolsonaro nas eleições de 2018 ao final de um debate entre concorrentes ao governo de Minas na televisão. A iniciativa se deu mesmo com seu partido tendo candidato a presidente na ocasião.
O cargo de líder do governo no Senado estava vago desde 15 de dezembro do ano passado, quando Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) decidiu entregá-lo.
Bezerra era apontado como o principal responsável pela aprovação de medidas importantes para o governo, como as Propostas de Emenda à Constituição de caráter econômico, como a PEC Emergencial e PEC dos Precatórios.
Ele decidiu entregar o cargo após ser derrotado em seu pleito para a vaga aberta no TCU (Tribunal de Contas da União). O líder do governo recebeu apenas sete votos, perdendo com grande margem para Antonio Anastasia (PSD-MG) —que teve 52 votos.
A situação ainda foi agravada com as notícias de que o Palácio do Planalto e senadores aliados, entre eles o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), haviam abandonado Bezerra.
Na ausência de uma liderança formal, o governo vinha sofrendo uma sequência derrotas e adversários aproveitaram o vácuo para “tratorar”
A ausência de um líder no Senado provocou ao menos 11 reveses para o governo por parte de parlamentares que não fazem parte da base de Jair Bolsonaro.
Congressistas aproveitaram esse vácuo para tratar e avançar com assuntos que contrariam a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) e conseguiram até mesmo convocar sem dificuldades ministros de Estado para darem explicações.