Segundo a coluna de José Casado, na Veja, existe um novo enigma na temporada eleitoral: como e porque Lula, líder isolado nas pesquisas, não conseguiu atrair parlamentares para a bancada de oposição na migração partidária que terminou na semana passada. Ao contrário, perdeu.
Na Câmara, por exemplo, o bloco lulista agora tem 102 deputados. O PT e partidos alinhados na disputa presidencial (PSB, PCdoB, Psol e Rede) possuíam 111 votos no plenário. Perderam nove.
Contrasta com o desenho de um quadro eleitoral no qual, hoje, Lula não apenas é líder unânime nas sondagens de intenção de voto como desfruta de larga vantagem (média de 20 pontos percentuais) sobre o adversário Jair Bolsonaro, na segunda posição.
Ele representa, em tese, uma perspectiva de poder mais sólida do que Bolsonaro. No entanto, o bloco lulista murchou e o bolsonarista inchou.
O Centrão, esteio parlamentar do governo formado pelo PL, PP e Republicanos, agora tem 170 deputados — 68 a mais do que possuía em fevereiro.
É notável mudança, porque políticos, com ou sem mandato, adoram o poder. Como os ricos, eles têm certeza de que vivem no céu ao lado de Deus, dizia o dramaturgo francês Jean Anouilh.
Uma explicação pode estar na luz, arrisca um deputado comunista. Não a divina, mas a que ilumina o cofre do governo federal.