O mercado financeiro anseia por estabilidade política e econômica. Seus investidores, como sempre, estão atentos ao movimento de cada peça do xadrez eleitoral.
Nos últimos meses, figurões importantes do mercado financeiro acenaram ao retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No dia 13 de março, o investidor e empresário, Ricardo Semler, publicou um artigo considerando que se Jair Bolsonaro for reeleito, o Brasil irá para a categoria de pária institucional. “É hora de negociar com Lula um Armínio Fraga, um Pedro Malan ou um Pérsio Arida. Hora de financiar um caminho saudável, manifestar-se contra a barbárie burra em que nos metemos por falta de visão”, afirmou. No dia 17 de fevereiro, o novo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, disse que Bolsonaro foi o presidente “que mais atacou as instituições”. Josué também disse que considera Lula “o maior líder sindical que o país já conheceu”.
No mesmo dia, um relatório do banco Crédit Suisse, assinado pelos economistas Lucas Vilela e Solange Srour, previu a vitória de Lula nas eleições de 2022. Dois dias antes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que diminuiu o receio do mercado com uma eventual vitória de Lula. Em janeiro, o BlackRock, um dos maiores fundos de investimentos do mundo, apontou que não colocará mais recursos no Brasil enquanto Bolsonaro continuar no governo. Já no final do ano passado, empresário Abílio Diniz que figurou na lista de bilionários da Forbes, situou que “Lula e Alkimin pode dar coisa boa.” Por fim, o gestor do Fundo Verde, Luís Stuhlberger, disse publicamente que se arrependeu de ter apoiado Bolsonaro. “Certamente, o Brasil foi o pior país do mundo na condução da pandemia”, pontuou.
O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, as ameaças ao Estado Democrático de Direito, aliados à taxa de juros e inflação altas foram alguns dos motivos para essa mudança do mercado. Ao que tudo indica, a Faria Lima, os bancos, além dos fundos internacionais, estão optando por Lula em detrimento de Bolsonaro. Isso se deve, principalmente, a chapa Lula-Alckmin, uma jogada estratégica que poderá dar, ainda no primeiro turno, uma vitória com governabilidade ao ex-presidente Lula. Uma aliança da esquerda com um político de centro-direita, certamente tranquilizou o mercado financeiro e trouxe confiança para grande parte do empresariado. Lula já fez isso no passado, quando escolheu o empresário José de Alencar como vice-presidente.
As peças no tabuleiro estão em contínuo movimento e o jogo pode virar a qualquer momento. Mas ao que tudo indica, inclusive com as últimas pesquisas do Ipespe, patrocinadas pela XP Investimentos, além da pesquisa FSB, contratada pelo banco BTG Pactual, Lula poderá em outubro deste ano, dar o xeque-mate no Bolsonaro.
Por Alexandre Neves