Desde que comunicou à cúpula do PT que estava de saída do partido, na semana passada, a deputada federal pernambucana Marília Arraes está segundo a coluna Radar, na Veja, no centro de um fogo cruzado dentro da legenda.
Na última quinta-feira, ela foi procurada pela presidente nacional da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann, como revelou a coluna na revista, mas disse já ter tomado a decisão de se desfiliar — ela deve migrar para o Solidariedade ou o MDB, para se candidatar a senadora ou governadora.
Neste domingo, em uma o diretório do PT em Pernambuco indicou o nome de Marília para disputar o Senado pelo partido, em uma reunião com a participação de Gleisi, mas sem a presença da deputada.
Em resposta, Marília divulgou por volta das 22h uma nota duríssima criticando o movimento da legenda.
“A posição do PT de Pernambuco, indicando o meu nome para concorrer ao Senado pela Frente Popular revela, no mínimo, descuido com o tratamento de assunto tão sério e uma precipitação sem limites. Não fui consultada e não autorizei que envolvessem o meu nome em qualquer negociação, menos ainda que tornassem público, como se fossem os senhores do meu destino, sobretudo após meses de desgaste político e público feito por meio da imprensa, escondido sob manto do off e notícias de bastidores”, declarou a deputada.
Na nota, ela lembrou ainda que, em 2018, um acordo entre as cúpulas do PT e do PSB impediu sua candidatura ao Governo de Pernambuco, quando ela liderava todas as pesquisas de opinião. E disse que, em 2020, quando disputou e ficou em segundo lugar nas eleições para a Prefeitura do Recife, “a cúpula do PT fez de tudo para inviabilizar politicamente a minha campanha, o que ajudou a dar a vitória ao adversário” — João Campos (PSB), seu primo de segundo grau.
“E agora, indelicadamente, usam o meu nome, como massa de manobra. Tudo isso não é compatível com o bom senso que deve nos nortear na política”, acrescentou a deputada, que reiterou as conversas que trava com outras lideranças políticas do Estado e expressou “apoio incondicional” à campanha do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto, “com a lealdade e a correção das minhas tradições”.
Pois na manhã desta segunda-feira, horas depois de divulgar a nota, ela embarcou para São Paulo para se reunir com o cacique petista. A assessoria do ex-presidente não confirmou ao Radar se ele iria recebê-la. Segundo adversários de Marília dentro do PT, há dúvida se, após as críticas, Lula toparia se reunir com Marília. A ver.