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quinta-feira 17 de março de 2022 às 05:53h

Bolsonaro reúne ministros-candidatos para avisar que governo terá ‘tampões’ até eleição

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A dezesseis dias do prazo final para que ministros-candidatos deixem os cargos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) avisará a equipe de sua intenção de escalar substitutos “tampões” para o lugar de quem for disputar as eleições de outubro. Bolsonaro convocou reunião ministerial para está quinta-feira (17) no Palácio da Alvorada, com o objetivo de ouvir segundo o Estadão, os titulares sobre suas indicações, mas já tem uma estratégia traçada. Dos 23 ministros, até dez devem deixar a Esplanada até o fim deste mês.

O “plano A” do presidente é entregar os ministérios a secretários-executivos das pastas, embora o Centrão também esteja de olho nas cadeiras que ficarão vazias. Bolsonaro escalou ministros de peso, como Tereza Cristina (Agricultura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), para concorrer ao Senado porque o governo enfrenta muitas dificuldades naquela Casa.

A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, disse que todos os pré-candidatos devem sair juntos. “Provavelmente, todos no dia 30, em um ato só”, afirmou ela. O prazo para desincompatibilização de quem ocupa cargos públicos vence em 2 de abril, seis meses antes das eleições.

Dois nomes já são dados como certos na nova equipe: o do chefe de gabinete de Bolsonaro, Célio Faria Junior – que deve assumir a Secretaria de Governo no lugar de Flávia, candidata ao Senado pelo Distrito Federal –, e o do secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, na vaga de Tarcísio de Freitas. O ministro vai se filiar ao PL, mesmo partido de Bolsonaro, e será candidato ao governo de São Paulo.

Faria Júnior é da Marinha e tem perfil discreto. Já Sampaio, além de contar com a bênção de Tarcísio, é genro do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos.

Como mostrou o Estadão, Faria Júnior foi apontado por ruralistas como “ponte” para a reunião com pecuaristas que levou ao Planalto potenciais doadores de campanha.

De saída do cargo, Flávia Arruda articula nos bastidores formas de “manter digitais” sobre a pasta que deve ser entregue ao chefe de gabinete de Bolsonaro. Os dois têm uma relação distante e a pré-candidata ao Senado tem interesse em deixar no ministério auxiliares de sua confiança.

A pouca experiência de Faria Júnior no trato direto com o Congresso, principal atribuição da pasta, é minimizada por interlocutores do governo. “O orçamento está todo comprometido e ano eleitoral tem uma série de vedações. Será agora um ministério de transição, até as eleições”, disse o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL.

Para o ministério do Trabalho e Previdência, um dos cotados para assumir a vaga de Onyx Lorenzoni, que vai concorrer ao governo do Rio Grande do Sul, é o atual Secretário de Previdência da pasta, Leonardo Rolim. Ele também é ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Rolim tem a confiança do presidente, embora sua gestão no INSS tenha sido duramente criticada, nos bastidores do governo, pela dificuldade de reduzir a fila de beneficiários.

Há, ainda, grande expectativa sobre o destino do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, cotado para ser vice na chapa de Bolsonaro. O general é considerado o nome natural para a dobradinha desde que o presidente confirmou a pré-candidatura ao Senado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Até então, Tereza era a indicada do Centrão para a vaga.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, pode vir a substituir Braga Netto. “Vamos aguardar, pode ser o comandante do Exército, pode não ser”, disse Mourão.

Onyx tentou emplacar na Agricultura o senador Luiz Carlos Heinze (Progressistas-RS), que integrou a tropa de choque do Planalto na CPI da Covid, com o objetivo de tirá-lo da corrida ao governo gaúcho. Ao Estadão, Heinze negou que vá recuar na pré-candidatura ao Palácio Piratini. “Se eu quisesse o ministério, teria pedido em 2019”, disse ele.

Quem está em alta para assumir a pasta, com o aval de Tereza Cristina, é o secretário-executivo Marcos Montes – ex-deputado federal e filiado ao PSD de Gilberto Kassab.

Quatro ministros iriam disputar as eleições, mas desistiram. Fábio Faria (Comunicações), Marcelo Queiroga (Saúde), Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) permanecerão no governo. Heleno trabalhava para ser vice na chapa de Bolsonaro, mas não obteve respaldo.

Veja o desenho da reforma ministerial:

MINISTRO

MINISTÉRIO

PRÉ-CANDIDATO A…

QUEM É COTADO PARA SUBSTITUIR

Damares Alves Família, Mulher e Direitos Humanos Senadora pelo AP
Flávia Arruda Secretaria de Governo Senadora pelo DF Célio Faria Jr., hoje chefe de gabinete de Bolsonaro
Gilson Machado Turismo Senador por PB
João Roma Cidadania Governador da BA
Marcos Pontes Ciência e Tecnologia Deputado federal por São Paulo
Onyx Lorenzoni Trabalho e Previdência Governador do RS Leonardo Rolim, hoje secretário de Previdência
Rogério Marinho Desenvolvimento Regional Senador pelo RN
Tarcísio de Freitas Infraestrutura Governador de São Paulo Marcelo Sampaio, hoje secretário-executivo
Tereza Cristina Agricultura Senado pelo MS Marcos Montes, hoje secretário-executivo
Walter Braga Netto Defesa Vice-presidente General Paulo Sérgio, comandante do Exército

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