O PP baiano deixa a base do governo Rui Costa (PT). Se ainda continuasse diante da sucessão de fatos que ocorreu nos últimos tempos, eles deixariam evidente o seu lado masoquista, ou seja, o de gostar de apanhar. Todo o caminho até aqui mostra, sem sombra de dúvidas, que o partido do vice-governador João Leão (PP) foi convidado a se retirar do teodolito. Foram dados motivos para tal.
Para contextualizar, o teodolito foi o apelido dado pelo próprio Leão ao tripé dos maiores partidos do grupo: PT, PSD e PP. Na visão dele, sem um deles, o grupo não ficaria de pé.
O clima instaurado foi de um divórcio em litígio, mas com sinais de rompimento dados há um bom tempo. Após Leão deixar claro que estava prestes a se tornar governador e quando boa parte das classes política e da imprensa já estavam conformados com o comando, o senador Jaques Wagner (PT) deu um cavalo de pau e colocou os azuis de lado. A decisão nutriu de cima e não teve tempo para conversa ou, quem sabe, uma terapia de reconciliação.
McLuhan dizia que o meio é a mensagem. Os pepistas se atentaram à forma e não só ao conteúdo. O jeito como foram tratados foi o peso do descontentamento. E não adiantou o vídeo, que gravei com Wagner em Brasília, do senador petista pedindo desculpas. Não teve repercussão política. O tratamento dado, apesar dos afagos, foi de saída.
A emoção aflorada por Leão na conversa derradeira com o jornalista e colega da Tribuna, Rodrigo Daniel, mostra o impacto pessoal da celeuma.
A corrida pepista em Brasília, no mesmo dia das agendas de ACM Neto (UB) e Bruno Reis (UB), e, logo após, a nota oficial do partido, fez juntar o entendimento e oficializar a cisão junto às alternativas de caminhos pós rompimento.
Os filiados do PP fazem questão de demonstrar a seguinte ordem cronológica:
O primeiro fato, na visão dos pepistas, foi a eleição da presidência da Assembleia Legislativa. Ali Jaques Wagner teve participação decisiva favorável a Adolfo Menezes (PSD) em detrimento a Nelson Leal (PP). Apesar de não terem gostado da interferência, ela foi necessária para se fazer valer um acordo do início do primeiro mandato de Rui. Mas o arranhão ficou.
O segundo fato foi a negociação que levaria João Leão a Casa Civil. Me recordo ter sido na Lavagem do Bonfim de 2021, quando não tivemos o cortejo. Fato consumado no meio político. No fim, o vice ficou com o Planejamento.
E, agora, a questão da chapa majoritária, somada ao possível afastamento de Rui para Leão ser o chefe do Executivo. Não rolou. Foi a gota que faltava para encher o copo e a água transbordar, para alegria de Neto. O canal foi aberto para o diálogo.
Todo casamento precisa de confiança e, pelo visto, para o teodolito não existe mais esse sentimento do PP para a base e nem da base para o PP. Os sinais foram dados e foram claros. O fim dessa foi inevitável.
* Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia.