Mario Frias, secretário Especial da Cultura, anunciou neste último sábado (12) sua pré-candidatura a deputado federal por São Paulo. Ele teve sua ficha de filiação ao Partido Liberal, de Jair Bolsonaro, assinada pelo presidente.
Frias publicou nas redes sociais fotos ao lado de Bolsonaro. “Sinto um profundo orgulho da confiança que o senhor deposita em mim. Nova missão, mas o mesmo ideal, por isso aceito. Isso que importa. Obrigado Presidente!”, escreveu.
O secretário, que deve deixar a secretaria no começo de abril para ser candidato, como determina o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disputará votos em São Paulo com o deputado Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP), filho do presidente.
A pasta atualmente de Frias, após sua saída, será comandada pelo sexo secretário durante o governo Bolsonaro. A lista de nomes que passaram pelo cargo inclui Regina Duarte e Roberto Alvim.
O anúncio da candidatura do ex-ator da Globo já era esperado, e ele não deve ser o único da Secretaria Especial da Cultura, que concentra parte da ala ideológica do governo. Conforme a Folha revelou na semana passada, o número dois de Frias, o secretário-executivo André Porciuncula, negocia para sair para deputado estadual pela Bahia, também pelo partido do presidente.
Outro nome desse núcleo mais radical do governo, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, também deve se lançar a deputado federal por São Paulo —e também pelo PL. “Estou cumprindo a missão que me foi dada pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, transformando pela primeira vez a Fundação Palmares numa verdadeira fundação cultural”, ele disse ao jornal.
Na última semana, ele inclusive publicou a manchete da reportagem da Folha no Twitter. “Nós mudamos a Cultura. A partir de 2023, ajudaremos nosso PR a avançar com as mudanças no Brasil. Se Deus quiser”, escreveu.
Camargo acumula divergências com o movimento negro e toma decisões questionadas na Justiça desde que está no comando da Palmares, em 2019. Depois de chamar Moïse Kabagambe, congolês espancado até a morte no Rio de Janeiro, de vagabundo, ele agora será investigado pela Justiça Federal por assédio moral, perseguição ideológica e discriminação contra funcionários da instituição que comanda.
Mario Frias divulga a candidatura logo após um episódio que repercutiu mal dentro e fora do governo. No mês passado, foi revelada uma viagem do secretário a Nova York que somou gastos equivalentes a 13 vezes o teto da Lei Rouanet para cachês de artistas.
Como a Folha mostrou, dados do Portal da Transparência revelam que foram gastos R$ 39 mil para tratar de “projeto de cultura envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte” com o lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie.
Frias tem como principal bandeira a reestruturação da Lei Rouanet, que incentiva artistas —a quem ele já se referiu de forma pejorativa como “mamadores da Rouanet”. Atualmente, a Rouanet sofre uma das maiores modificações nos seus 30 anos de existência. A diminuição no teto dos cachês é de mais de 93% em relação ao que era permitido até então, de R$ 45 mil.