O político vai marcar a estreia desta nova fase com um discurso em evento neste sábado (12) em São Paulo, com críticas ao governador João Doria (PSDB) e a promessa conforme o jornal Valor de que, com França no comando do Estado, haverá melhorias.
A jornalista do Valor Carolina Freitas analisa os impactos para França das novidades no cenário e antecipa os principais pontos do discurso do ex-governador, no Bastidores da Política de hoje, na rádio CBN.
O anúncio de que o PSB desistiu de negociar a federação com o PT é uma boa notícia para França porque essa estrutura obrigaria os dois partidos a terem um só candidato ao governo do Estado, ou seja, obrigatoriamente, a federação teria de optar entre Fernando Haddad, do PT, ou França, do PSB. Entraves regionais, como o de São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, pesaram para que o PSB deixasse a negociação com o PT.
Segundo motivo pra animação de França, a filiação de Alckmin foi confirmada pelo comando nacional do PSB e deve ser oficializada pelo próprio ex-tucano na próxima semana. Na sequência, será marcado o ato de filiação de Alckmin. Ele saiu do PSDB há três meses.
A ida de Alckmin para o PSB foi costurada com uma participação importante de França. Os dois são amigos de longa data e aliados políticos em São Paulo. França foi vice-governador na gestão de Alckmin e assumiu o Palácio dos Bandeirantes quando Alckmin deixou o cargo para disputar a Presidência, em 2018.
Pessoas próximas a Alckmin e a França contam que o ex-tucano quis usar essa semana antes de anunciar a filiação ao PSB para conversar com prefeitos e deputados próximos a ele e explicar a escolha pelo partido. “Muita gente se aconselha com Geraldo. Ele quer conversar com todos antes de anunciar a decisão”, afirmou o presidente do PSB do Estado de São Paulo e ex-prefeito de Campinas, Jonas Donizete.
O plano é que, ao migrar para o PSB, Alckmin concorra à vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma aliança nacional entre PSB e PT. A aliança, ao contrário da federação, pode valer só para a eleição presidencial e não para as de governador.
A nova fase “turbinada” de Márcio França vai ser inaugurada amanhã no Congresso Estadual do PSB, na capital paulista. O partido vai reunir 700 delegados, representantes de todas as regiões do Estado, no auditório do Sindicato dos Padeiros, no centro. Haverá também participação remota de filiados. O encontro tem caráter partidário, e o objetivo é de formalizar a direção estadual do PSB, da qual França e Donizete fazem parte. Mas o discurso que França prepara tem um tom político.
Segundo o Valor apurou, as linhas principais da fala do ex-governador serão apontar falhas do governo Doria e enumerar como a situação poderia ser diferente com ele próprio como governador de São Paulo. França vai falar da economia, com ênfase no aumento de impostos, e da necessidade da valorização dos servidores públicos.
Apesar dos esforços de França, o PT sinalizou que vai persistir na tentativa de, mesmo sem federação, fazer um acerto em São Paulo e unir França e Haddad em um só projeto político. Dentro desse acordo, a proposta é que Haddad seja candidato a governador, o PSB indique um candidato a vice e que França concorra ao Senado. Márcio França defende que se decida até maio quem dos dois será candidato ao governo, usando como critério o mais bem colocado em pesquisas de intenção de voto.