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quinta-feira 6 de dezembro de 2018 às 04:15h

Brasil pode reconstruir a Síria em obras que custarão US$ 400 bilhões

DESTAQUE, NEGÓCIOS


Altas autoridades do governo sírio já comunicaram oficialmente ao diplomata Fabio Pitaluga, aprovado nesta quarta-feira (5) pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) para a chefia da embaixada brasileira em Damasco, que o Brasil e as empresas brasileiras são vistas como prioritárias no processo de reconstrução da infraestrutura da Síria, devastada por uma guerra civil que aproxima-se do fim. Essa foi a mensagem passada pelo próprio Pitaluga durante sabatina na CRE. Desde setembro o diplomata já atua na embaixada como encarregado de negócios.

— A Síria está no final dessa guerra trágica e nos próximos anos inicia-se um grande processo de reconstrução. E nesse processo é crucial que o Brasil saiba se posicionar. Altas autoridades do governo deixam claro pra mim que o Brasil e suas empresas são percebidas como entre as prioritárias. Calcula-se que a reconstrução demandará US$ 400 bilhões. Vejo oportunidades na área de indústrias, agronegócio em geral e petróleo, por exemplo. O setor de petróleo sírio foi muito afetado, eles precisam de um grande apoio em máquinas, equipamentos e novas tecnologias. Nós temos muito a oferecer neste campo, assim como na parte de xisto — detalhou.

Além dessas áreas, Pitaluga também avaliou que serão abertas oportunidades nas áreas de mineração, energia elétrica, saúde, construção civil, turismo, pecuária e indústria de laticínios. Uma das prioridades do embaixador é reativar o Conselho Empresarial Brasil-Síria, que deixou de operar devido à guerra.

Brasil, nação amiga

O diplomata informou que as boas relações entre Brasil e Síria são fruto de um entendimento histórico, e também pela postura brasileira, durante todo o período da guerra civil, de reiterar a soberania e independência da nação árabe na superação do momento trágico. Também pesa muito para os sírios a grande comunidade deles que vive aqui, por isso o Brasil é percebido por parcela da população como “o segundo país”, disse Pitaluga.

— Não fechamos a embaixada durante todo este período de guerra. Deixamos claro que apoiamos todos os esforços multilaterais na solução política visando à paz, num processo conduzido pelos próprios sírios, facilitado pela ONU, sem interferências externas. Defendemos a soberania, integridade territorial e independência do país e apoiamos o Diálogo Nacional Sírio ocorrido em Sochi [Rússia] — afirmou.

Ao final, Pitaluga ressaltou que a situação síria ainda tem certa instabilidade, uma vez que combates ainda ocorrem em algumas cidades. Mas a tendência percebida pelas autoridades e outros setores envolvidos é de que a conflagração termine.

Collor

O presidente da CRE, Fernando Collor (PTC-AL) — que visitou recentemente a Síria e reuniu-se com o presidente Bashar Al-Assad — responsabilizou potências estrangeiras pelo longo conflito no país.

— As grandes potências, que deveriam preservar a estabilidade mundial, são hoje as principais causadoras da instabilidade. Tudo que vemos na Síria, por exemplo, é absurdo. É fora de qualquer explicação plausível, a não ser a ganância, a avareza, o ímpeto de dominação que essas grandes potências têm. Provocam um enorme sofrimento na população mais simples, já são 500 mil mortes e 13 milhões de desterrados — lamentou o senador, que por outro lado elogiou a forma como o Itamaraty vem se conduzindo durante todo o processo.

 

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