Após o STF ampliar o prazo para a criação das federações partidárias, as legendas que pretendem se associar nas eleições de 2022, ganharam mais três meses para fazer suas discussões. O tempo de negociação cresceu, mas brigas por espaço vão continuar. Lideranças políticas admitem que o processo é desconfortável e que é preciso pesar perdas e ganhos.
Segundo, o portal UOL, os embates já são marca das tratativas de PT, PSB, PC do B e PV — federação que deverá acontecer, mesmo com problemas ainda a serem resolvidos, algo que o prazo maior veio para ajudar. E, ao mesmo tempo, outras possibilidades começam a caminhar, como a de uma associação entre MDB e União Brasil, ainda em conversas iniciais.
Nas federações partidárias, as siglas precisam atuar como um só por quatro anos — diferentemente das coligações. Os partidos terão até 31 de maio para formalizarem esse processo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal na última quarta (9). Antes, o prazo previsto era 1º de março.
A expectativa agora é que pouca coisa ficará definida até o final da janela partidária, que se encerra em 1º de abril. A partir de 3 de março, os políticos podem trocar de partido, sem risco de perder o mandato, para poder disputar a eleição de outubro.
PT/PSB/PCdoB/PV
O quarteto foi o responsável por pedir ao STF um prazo maior para a formação da federação. Um dos motivos para isso é que PT e PSB não conseguiam — e ainda não conseguem — se acertar sobre algumas candidaturas a governos estaduais, principalmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
A tendência é que o PT vença a queda de braço em prol das pré-candidaturas de Fernando Haddad (PT) ao governo paulista e de Edegar Pretto (PT) ao gaúcho; São Paulo e Rio Grande do Sul eram duas das prioridades do PSB, que terá caminho livre em Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Um sinal de que o PT deve prevalecer nas duas disputas é que a candidatura de Pretto recebeu o apoio do PV na última sexta (11).
Apesar de a situação fazer com que pareça difícil que a federação aconteça com os quatro partidos, a expectativa entre as lideranças deles é que ela aconteça.
O tempo a mais no prazo contaria a favor para resolver esses problemas pontuais, ainda mais porque os parlamentares do PSB têm feito pressão em apoio a uma união com PT, PV e PC do B — sendo que este último gostaria que a federação fosse fechada o mais rapidamente possível, algo que os outros três não acreditam ser possível.
Alguns pontos a serem resolvidos foram colocados pelo PSB na última reunião do quarteto, quinta-feira (10), como fatores para composição da assembleia da federação, critérios para formação de chapas e candidaturas em 2024.
Questões que têm gerado debate mais intenso são sobre direito de veto quando uma proposta tiver 15% dos votos contra ela, e que a maioria qualificada na federação seja de quatro quintos. Apesar de o encontro não ter acabado bem na quinta, ainda há otimismo.
Reuniões unilaterais entre os partidos estão previstas no começo da próxima semana para ajudar nas tratativas sobre a federação.
PSDB/Cidadania
O Cidadania tem sido o partido mais disputado em busca de formação de federação. O favorito para a parceria é o PSDB, mas já houve conversas com MDB, Podemos e PDT. A expectativa é que o escolhido seja realmente o PSDB, com possibilidade de anúncio na próxima semana. Na terça-feira (15), o Cidadania terá uma reunião para tratar do assunto, o que pode definir o processo.
Com o Cidadania, nós vamos ter condição de fazer a federação antes do prazo de janela ou durante o prazo de janela”, Beto Pereira (PSDB-MS), deputado fereal e secretário-geral do partido
O PSDB também chegou a ter diálogo com outras siglas, mas é algo ainda inicial. “Com o MDB, União Brasil, e outros eventuais partidos, nós vamos estar iniciando esse processo agora. E pode ser que o desfecho de tudo isso ocorra após o fechamento da janela”, diz Pereira.
MDB + União Brasil
Uma federação entre os dois partidos é debatida, mas as conversas estão no começo. Esse é um diálogo que só foi possível em razão da extensão do prazo para federação, expectativa que já existia há alguns dias, antes da decisão do STF.
Apesar de haver possibilidade para acordo, membros dos dois partidos acreditam que é mais viável a busca por uma aliança tradicional do que uma federação.
Um dos motivos está no fato de o União Brasil ser novo, surgido a partir da fusão entre Democratas e PSL, partido este que abrigou a candidatura de Jair Bolsonaro (hoje no PL) ao Planalto em 2018. O novo partido ainda precisa definir questões internas antes de conseguir chegar ao ponto de pensar em uma federação.
PSOL + Rede
Existem alas nos dois partidos que são bastante contrárias a uma associação. Mas a expectativa é que ela seja confirmada ainda este mês. A Rede terá uma reunião nacional neste sábado (12) para tratar sobre o tema. Na Rede, há um entendimento de que a federação é necessária neste momento; ao contrário do PSOL, o partido não conseguiu ultrapassar a cláusula de barreira na última eleição, em 2018.
Uma das porta-vozes da Rede, a ex-senadora Heloisa Helena indica que o partido tem que “decidir este mês” sobre a federação. “A insegurança jurídica de deixar para maio, depois do prazo final de filiação, é muito grave.”
A preocupação dela é que, alongando a discussão, a estratégia eleitoral pode ser prejudicada. “Acaso não façamos a federação, como iremos recompor as chapas na Rede se já não podermos filiar ninguém? Bem complicado”, afirmou
PSC + Patriota
Os dois partidos estavam em conversas sobre formar a federação, mas dizem que agora o tema deve ficar em segundo plano, à espera de como estarão seus quadros após a janela partidária. Assim, tudo poderá ser analisado sem atropelos.
“Na realidade, trata-se de uma fusão partidária e, por experiência, faltam muitas informações claras para que haja uma união clara, ampla e democrática”, diz o presidente do Patriota, Ovasco Resende.