A campanha de Lula para voltar à Presidência proporá segundo o colunista Guilherme Amado, a reindustrialização da Saúde. O diagnóstico do núcleo que aconselha o ex-presidente sobre o assunto é de que o teto de gastos e o governo Bolsonaro levaram a uma crise inédita no setor, o que levou ao desabastecimento de vários produtos durante a pandemia, como máscaras e remédios necessários para entubar pacientes.
Para resolver o problema, é necessário voltar a investir no complexo industrial da saúde, possibilitando a produção de insumos e produtos necessários ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os investimentos podem ser estimulados com o poder de compra do SUS, apontou o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Ele coordena o grupo que debate o assunto na Fundação Perseu Abramo, do PT. Além dele, também compõe o núcleo os os ex-ministros da saúde Alexandre Padilha e Humberto Costa.
A desestruturação do complexo médico industrial é um tema central nas conversas que eles tem na Fundação Perseu Abramo. “O efeito mais prático disso é o desabastecimento inacreditável: faltar máscara, não ter teste, não ter oxigênio”, apontou. Os problemas não param por aí, prosseguiu Chioro. “Junto vão embora empregos qualificados, investimentos em ciência, tecnologia e inovação”, disse.
Chioro fala não só a partir da sua experiência a frente do Ministério da Saúde, mas também como médico e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“O Brasil vem perdendo gestão da política industrial, seja para pensar em inovação, seja para ter segurança para questões mais básicas”, avaliou. Com isso, “estamos na mão literalmente da cadeia produtiva internacional”.
Diante dos problemas, Chioro critica a manutenção do teto de gastos por limitarem os investimentos em saúde. “Há um acumulo de problemas e isso traz sobrecarga para o sistema de saúde, inclusive o privado, e parece que governo brasileiro não tem nada a ver com isso, continua impondo mesmas regras de austeridade, que são verdadeiramente criminosas”, ponderou.