O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou ao Estadão nesta quarta-feira (9), que a avaliação da gestão de João Doria no governo de São Paulo preocupa uma ala do partido. O temor é que a rejeição do governador no Estado – onde o PSDB costuma ter bons resultados em eleições presidenciais – impeça o crescimento do projeto presidencial do partido.
“Mais que o baixo desempenho nas pesquisas, apesar da intensa exposição, especialmente pós-previas, o que mais preocupa a estes líderes do partido é a altíssima e persistente rejeição que o candidato escolhido tem no seu próprio Estado, a 45 dias de deixar o mandato”, declarou Leite à reportagem
Pesquisa mais recente do Datafolha, de dezembro, mostra que a gestão de Doria é rejeitada por 38% do Estado, aprovada por 24% e considerada “regular” por 37%. “Se não consegue mostrar tendência de melhora no mandato, pode ser ainda mais difícil depois”, disse o governador gaúcho.
Leite, que perdeu as prévias tucanas para o paulista, esteve na noite de ontem, 8, em jantar promovido pelo ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente do PSDB Pimenta da Veiga. O encontro reuniu caciques do partido que encabeçam um movimento contra a pré-candidatura de Doria a presidente. O deputado Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-senador José Aníbal (SP) participaram do encontro.
Apesar da conhecida resistência dos políticos a Doria, Leite negou que tenha sido tomada qualquer decisão de saída do partido ou desembarque da pré-candidatura presidencial tucana. “Não há qualquer encaminhamento sobre desembarque de candidatura ou saída do partido”, afirmou.
De acordo com ele, a partir de agora a ideia é ampliar o debate sobre a revisão da candidatura com o partido. Leite e outros tucanos anti-Doria combinaram que vão exigir do governador paulista e de sua equipe de campanha, o que inclui o presidente do PSDB, Bruno Araújo, coordenador da campanha de Doria, um plano detalhado que mostre que ainda daria para reverter o quadro desfavorável.
“Conversamos e ponderamos sobre o cenário e perspectivas e iremos fazer a discussão internamente no partido. Todos desejam entender qual o plano de voo, o plano de ação que o candidato e sua equipe apresentam para reverter o quadro adverso. E é isso que será demandado”, disse.
Em entrevista à Rádio Eldorado, Doria classificou o encontro como “jantar de derrotados” e disse que vai poder se dedicar mais à campanha a partir de abril, quando sair do cargo de governador.
“Foi um jantar de derrotados, com todo respeito. Todos eles foram derrotados nas prévias. Eu entendo que, na vida pública e também na vida privada, você tem que compreender vitórias e derrotas”, afirmou.
O governador negou as acusações de que tenha adotado um discurso de que não aceitou a derrota e afirmou que “as prévias não deram o partido ao candidato, deram um candidato ao partido”.
“O PSDB é um partido com tradição de protagonismo na proposição de caminhos para o Brasil e é legítimo que se demande, diante do cenário, a clareza na apresentação da estratégia em uma eleição que consideramos crítica para o PSDB e para o Brasil”, apontou.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 9, mostra que Doria está no pelotão de baixo dos presidenciáveis. Em diferentes cenários da pesquisa estimulada, Lula (PT) aparece com 45% a 47%, seguido por Jair Bolsonaro (PL), que tem 23% a 26%. Moro e Ciro registraram 7% a 9% das intenções de voto. André Janones (Avante) e João Doria (PSDB) registraram 2% a 3%. Simone Tebet (MDB), 1%. Rodrigo Pacheco (PSD) e Felipe d’Avila (Novo) não pontuaram.