O deputado federal e pré-candidato do Avante ao Palácio do Planalto André Janones (MG) disse durante entrevista ao UOL News, edição das 12h, que deixou o PT (Partido dos Trabalhadores) quando percebeu que a sigla funcionava como uma “seita”. O mineiro foi filiado ao PT de 2003 a 2012 e o Avante apresentou sua candidatura na última semana.
“Eu deixei o Partido dos Trabalhadores a partir do momento que eu percebi que o partido funcionava como uma seita. Que você estando ali teria que ter uma cartilha, seguir por aquela cartilha. ‘Quero votar tal matéria, defendo tal ideal’, mas se o partido não vota aqui, você não pode ir por esse caminho. Nunca fui dirigente partidário, fui um filiado como outro qualquer”, explicou na entrevista.
Janones declarou que por muito tempo acreditou na capacidade que o PT teria para transformar a realidade do povo brasileiro, mas tem certeza que a legenda poderia ter feito muito mais pela população.
“Houve avanços, é indiscutível, não dá para a gente brigar com números. É loucura negar avanços, principalmente na desigualdade social, na ampliação do acesso à educação e ensino superior durante os governos do PT. Agora, será que não poderia ter sido melhor?”, argumentou.
Em resposta a apresentadora Fabíola Cidral, o pré-candidato afirmou que, para ele, não existe nenhuma ideologia que abarque todas as necessidades da realidade.
“Ora você precisa buscar soluções à esquerda, ora a solução para aquele problema real apresentado vai estar à direita. O importante é que essas questões ideológicas tenham menos peso do que a busca pela solução real.”
2º turno das eleições
Ao ser questionado pela colunista do UOL Carla Araújo sobre em quem votaria em um eventual 2º turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), o parlamentar disse que votaria nele mesmo, pois acredita que estará na segunda etapa de votação.
A colunista reforçou a pergunta, inclusive citando a viagem do pré-candidato Ciro Gomes (PDT) a Paris no segundo turno das eleições de 2018, e Janones disse que não viajaria após as eleições porque não se “acovardaria”.
“Eu não vou para Paris porque eu não me acovardo diante de votações. Essa é a pior das opções. Quem se furta a dar o voto é um covarde. Eu não me acovardaria. O que eu posso dizer é: Jair Bolsonaro não é uma opção de voto. Eu não considero Jair Bolsonaro uma opção. Então, não é ‘optaria pelo Lula’. Lula e Bolsonaro no 2º turno, Lula é candidato único, na minha concepção de política.”
O deputado ainda disparou contra o presidente Jair Bolsonaro e disse que o atual mandatário “jamais” estaria em suas opções de voto.
“Eu não me permitiria a votar em um cara com ar de ditador, misógino, racista, machista, homofóbico. Não é uma opção de voto para mim uma pessoa que não tem nenhum apelo pela democracia. Nós estamos falando de um regime democrático, eleições democráticas, então, Jair Bolsonaro jamais seria uma opção de voto.”
Comparação com o Cabo Daciolo
Janones afirmou ainda que não vê como negativa a comparação entre ele e o ex-deputado federal Cabo Daciolo (Brasil 35) feitas muitas vezes na internet e ainda disse ter muito respeito pelo ex-político.
Em dezembro, Daciolo desistiu de sua candidatura ao Palácio do Planalto e declarou voto em Ciro Gomes. No último final de semana, o presidenciável também publicou fotos de uma participação em um culto evangélico ao lado de sua esposa, Giselle Bezerra, e de Daciolo.
“Eu não me oponho em ser comparado com o Cabo Daciolo, uma pessoa honesta, íntegra, que levou a sua proposta, a sua forma muito peculiar, e foi muito bem votado deixando a sua marca ali e terminando as eleições à frente de grandes figurões da política tradicional que gastaram rios de dinheiro na campanha e tiveram menos votos que ele.”
O político finalizou dizendo que “estaria mais preocupado se fosse comparado com nomes envolvidos em escândalos e corrupção”.
Empate com Doria e Moro
Em 2022, Janones faz parte da chamada terceira via, que tenta quebrar a polarização eleitoral entre o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro, que lideram as pesquisas.
Na pesquisa de intenção de votos do Ipec divulgada em dezembro, Janones apareceu com 2%, mesmo número do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Além de ter tido o mesmo percentual de João Doria, André Janones apareceu empatado tecnicamente, dentro da margem de erro, com Sergio Moro (Podemos), que teve 6% e Ciro Gomes (PDT), que teve 5%.