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Olavo de Carvalho fala com seus seguidores pelo YouTube — Foto: Reprodução/YouTube
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terça-feira 25 de janeiro de 2022 às 18:03h

Morte de Olavo coincide com divisão no bolsonarismo

NOTÍCIAS, POLÍTICA


A morte de Olavo de Carvalho, o “guru” e mais conhecido ideólogo do bolsonarismo, coincide com o momento em que o grupo político do presidente da República passa por uma divisão que enfraquece as pretensões de reeleição ao Planalto neste ano.

Para evitar o impeachment e ganhar mais competitividade em outubro, Jair Bolsonaro abraçou-se ao bloco de partidos fisiológicos do Centrão e reduziu a influência dos olavistas, que tiveram muito peso nos dois primeiros anos de governo.

Foi quando o eminente morador de Richmond, na Virginia (EUA), indicou ministros da Educação, das Relações Exteriores, quadros no segundo e terceiro escalão, e emplacou seu maior discípulo, Filipe Martins, como assessor especial da Presidência, com assento no terceiro andar do Palácio do Planalto.

O poder de influência de Olavo refluiu na medida em que o próprio Bolsonaro se viu cercado pela reação das instituições contra seus arroubos antidemocráticos. As mesmas instituições – Supremo, Congresso e até Forças Armadas – que Olavo atacava em nome de um projeto declaradamente golpista.

O radicalismo da direita brasileira – vide o integralismo, a UDN, a ditadura militar, um Enéas em meio à redemocratização dos anos 1980 – não nasceu e não morre com Olavo de Carvalho. Sua morte realça o enfraquecimento que já se vê na fragmentação do bolsonarismo em duas correntes. Em ambas, ainda que de maneira distinta, Olavo deixa seu legado e herdeiros.

As desavenças recentes entre Eduardo Bolsonaro e o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub simbolizam o racha e a delimitação de campos. No primeiro, estão depositadas as esperanças de um ressurgimento do bolsonarismo, diante de uma iminente derrota na corrida presidencial.

Dos filhos de Bolsonaro, Eduardo é o mais ligado ao ideário de Olavo de Carvalho: o mais ideológico, radical, e para quem um novo projeto do grupo político tende a se voltar, caso o pai perca as eleições. É jovem, 37 anos, foi o deputado federal mais votado da história com 1,8 milhão de votos em São Paulo e, apesar do discurso incendiário, tem no pai o exemplo de recuos quando o pragmatismo é necessário.

A segunda corrente, cujo expoente hoje é Weintraub – que busca concorrer a governador em São Paulo, contra a vontade de Bolsonaro –, é formada pelo olavismo ferrenho, anti-institucional. Reúne toda a espécie de ultrarradicais, terraplanistas, defensores da ditadura, que consideram que o presidente foi fraco demais, e que são mais bolsonaristas que Bolsonaro. O PTB do ex-deputado Roberto Jefferson é o partido que tem se tornado a casa desse movimento neointegralista. É uma preparação para que muitos bolsonaristas deixem de sê-lo no momento de derrota. O olavismo busca um outro corpo para sobreviver.

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