A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), admitiu na última terça-feira (18) que não será fácil formar uma federação nacional com PSB até março, prazo final para viabilizar o acordo. Gleisi, no entanto, ponderou que os dois partidos estarão juntos na disputa nacional, no apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, e afirmou que o PT não pretende brigar com o PSB em Estados em que não houver acordo eleitoral, como Pernambuco.
Gleisi e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, se reunirão amanhã, em Brasília, para tentarem um acordo sobre a federação e alianças nos Estados. Os dois partidos têm cerca de 40 dias para negociar e implementar a federação, para que essa união seja válida para as eleições deste ano. Na negociação sobre os Estados, os principais entraves estão em Pernambuco, São Paulo e Espírito Santo, onde PT e PSB querem ter candidato próprio.
“São 40 dias. Não é um projeto fácil. Sabemos disso. Mas vamos tentar”, disse a presidente nacional do PT sobre a federação com o PSB. “É uma oportunidade para formarmos um campo político, com maior nitidez de posição que agregue a esquerda e a centro-esquerda”, afirmou Gleisi, depois de participar ontem de um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na capital paulista.
Gleisi disse que tanto Siqueira como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), “já têm uma decisão de apoio” ao ex-presidente Lula na disputa presidencial. “O PSB com certeza estará conosco, se não federado, coligado. Mas queremos fazer um esforço para ter a federação. Achamos isso importante. A federação dá mais nitidez a um campo político.”
A presidente nacional do PT afirmou que ainda não há definição sobre um eventual acordo em Pernambuco, Estado governado pelo PSB. O PT lançou a pré-candidatura do senador Humberto Costa depois que o ex-governador Geraldo Julio, cotado pelo PSB para ser candidato no Estado, desistiu da disputa. O PSB, no entanto, insiste em lançar candidato próprio no Estado para a sucessão de Paulo Câmara.
“O PSB teria prevalência [em Pernambuco] e o nome normal seria Geraldo Julio, mas ele não quer sair. O PSB não tem nome e por isso colocamos o nome do Humberto. Ele sempre foi uma pessoa que teve ótimo relacionamento com o PSB, mas como o próprio Humberto diz, não vamos fazer cavalo de batalha”, disse Gleisi. A presidente do PT afirmou que é preciso ter mais conversas com o PSB sobre Pernambuco.
Em São Paulo, o PT e Lula definiram que não vão recuar da pré-candidatura de Fernando Haddad e pressionam o PSB a desistir de lançar o ex-governador Márcio França. As conversas estão avançadas e no cenário defendido pelo PT, França disputaria o Senado.
No Rio, Gleisi repetiu por duas vezes que é “difícil” o PT lançar candidato, afastando assim a possibilidade defendida pelo presidente estadual do PT-RJ, João Maurício de Freitas, de ter um nome petista para a disputa estadual. O PT nacional pretende apoiar a pré-candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo.
Já no Espírito Santo, o PT tem apoiado o lançamento do senador Fabiano Contarato. O PSB apoia a reeleição do governador Renato Casagrande (ver Candidatura no Espírito Santo pode se tornar mais um foco de tensão).
A reportagem tentou falar com o presidente nacional do PSB, mas não obteve retorno.