O dólar tinha alta contra o real nesta terça-feira (18), em meio a receios domésticos sobre paralisações e protestos de servidores públicos que reivindicam reajustes salariais, enquanto, no exterior, a moeda norte-americana recebia apoio da alta dos rendimentos dos títulos soberanos dos Estados Unidos.
Às 9:58 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,14%, a 5,5350 reais na venda. Na máxima do dia, a divisa foi a 5,5521 reais, alta de 0,45%.
Na B3, às 9:58 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,33%, a 5,5500 reais.
Com o prazo para sanção do Orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro perto do fim, categorias de servidores públicos federais promovem nesta terça-feira manifestações nas ruas de Brasília e paralisação de atividades em movimento para pressionar o governo a liberar reajustes salariais.
Os atos, com participação prevista de ao menos 40 categorias dos três Poderes, segundo entidades representativas, somam-se ao movimento de carreiras que estão entregando cargos de chefia e limitando a prestação de serviços.
“Temos argumentado aqui que esse é o risco fiscal mais importante no curto prazo”, disseram especialistas da XP em nota matinal. “Cada 1 ponto percentual de aumento salarial representa 3 bilhões de reais em despesas obrigatórias adicionais no próximo ano.”
O receio dos mercados é de que eventuais aumentos salariais abalem ainda mais a credibilidade fiscal do país, derrubada no ano passado pela promulgação da PEC dos Precatórios, que alterou a regra do teto de gastos para permitir o financiamento de mais despesas do governo com benefícios sociais.
E o dólar também recebia amparo do exterior, com seu índice frente a uma cesta de seis rivais fortes subindo 0,2% nesta terça-feira, refletindo a alta nos rendimentos dos Treasuries, os títulos soberanos norte-americanos.
A taxa de dez anos –referência global para decisões de investimento– chegou a tocar uma máxima em dois anos mais cedo, e era negociada acima do patamar de 1,8%.
Já o rendimento do Treasury de dois anos, que reflete expectativas de curto prazo para os juros básicos nos EUA, superou 1% pela primeira vez desde fevereiro de 2020 nesta terça-feira.
Essa movimentação refletia, segundo participantes do mercado, aumento nas apostas de que o Federal Reserve será mais duro no combate à inflação ao longo de 2022. Agora, os futuros dos juros norte-americanos precificam quatro altas nos custos dos empréstimos neste ano, com início desse ciclo já em março.
“O comportamento da inflação começa a preocupar os diretores do banco central dos Estados Unidos, o Fed, que têm dado declarações bastante duras quanto à necessidade de reduzir a liquidez e iniciar, o mais rápido possível, o processo de aumento das taxas de juros”, explicaram estrategistas da Genial Investimentos em nota.
Juros mais altos nos EUA tendem a tornar ativos de mercados emergentes –arriscados, embora geralmente mais rentáveis– menos atraentes para investidores estrangeiros.
O dólar spot fechou a última sessão em alta de 0,26%, a 5,5271 reais.
Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 17 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de março de 2022.