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Deputado federal Jorge Solla (PT-BA) Foto: Luciano Carcará/A Tarde/Reprodução
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segunda-feira 10 de janeiro de 2022 às 06:54h

“Você não ganha o voto primeiro. Primeiro você ganha mentes”, diz deputado baiano

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O deputado federal Jorge Solla afirma que o Partido dos Trabalhadores terá que fazer um grande esforço no que chama de “reconstrução” do Brasil. “A eleição é, antes de tudo, um momento de reflexão sobre a condução do país. Você não ganha o voto primeiro. Primeiro você ganha mentes e corações com o projeto. Vamos defender um projeto que inclua a maioria da população, que gere emprego, que estimule renda, que volte a ter capacidade de investimento na saúde e na educação”, avalia, em entrevista ao jornal Tribuna.

Confira abaixo:

Tribuna – Qual foi a sua avaliação sobre a postura do governo federal frente a essas tragédias que aconteceram no sul da Bahia por conta da chuva?
Jorge Solla – Certamente foi desastrosa, mas esperada, né? Porque tem sido a postura que o governo tem tido em relação a pandemia da covid, em relação à fome, à miséria e ao desemprego. É um presidente que não tem a menor empatia com a vida da população, que não tem a menor solidariedade e que não desenvolva nenhum esforço para minorar as dificuldades.

Tribuna – Por outro lado, o Governo do Estado tem se desdobrado. O senhor acha que o Governo do Estado tem prestado o auxílio necessário nesse momento?
Solla – Olha, eu só tenho que parabenizar o governador Rui Costa pela forma que ele conduziu, corajosa e responsável. Tem conduzido o direito sim do enfrentamento da pandemia e o mesmo fez em relação a esse enfrentamento da tragédia das chuvas em nosso estado. Inclusive, eu acompanhei em Ilhéus ele coordenando em campo as ações para resgatar pessoas, para levar cesta básicas, para ajudar a salvar as vítimas. E acompanhei a semana passada, em fevereiro em Lajedão, ele já participando de esforços de reconstrução e já liberando autorização para contratos de empréstimo para comerciantes que perderam seus estoques.

Tribuna – O senhor acha que houve uma politização nessa tragédia na Bahia?
Solla – O Presidente da República estava de férias, continua de férias e disse que esperava que não tivesse que sair das férias por causa da tragédia na Bahia. Infelizmente ele, inclusive, designou um ministro para cuidar disso e que também veio entrar férias. O ex-prefeito Salvador estava na Europa passeando. O prefeito de Salvador, nos Estados Unidos. Já o governador Rui Costa tinha viagem comprada com sua família de férias, cancelou e foi a campo coordenar todas as ações necessárias. Isso é a realidade, né? Eu tô falando de fatos. Cada um pode julgar o mérito e a responsabilidade de um governante num momento como esse.

Tribuna – Qual é a sua avaliação sobre a vacinação de crianças contra a Covid? E sobre toda essa discussão que tem se travado aí nos últimos dias no âmbito federal?
Solla – Olha, infelizmente, o presidente da república do Governo Federal atrasou a aquisição de vacinas contra o Covid no Brasil. E isso contribuiu pra perdermos milhares de vidas, tentou evitar a vacinação de adolescentes. E, mais uma vez de forma criminosa, tentou sabotar e impedir a vacinação de crianças. Eu ouvi um vídeo do presidente fazendo campanha antivacina. Dizendo para os pais não levarem os filhos para vacinar e apresentando dados mentirosos. Ele merece processo. Não é possível que uma pessoa que ocupa o principal cargo do país use informações falsas para empregar o medo e tentar evitar que as crianças sejam vacinadas. Eu estou aguardando ansiosamente. Levarei meu neto de cinco anos para vacinar e estamos na campanha pró-vacina. Hoje, de todas as doenças que tem vacinas disponíveis, a que está levando o maior número de crianças para internação é a covid. Nós não podemos permitir que isso aconteça. Você tem acompanhado que com a Ômicron tem aumentado muito o número de pessoas contaminadas, né? Essa semana meu primo faleceu em Salvador, vítima da Covid. Há poucos dias perdemos o colega nosso médico em Ilhéus que faleceu por complicações da Covid associada a Influenza. Isso continua acontecendo. Não estamos tendo o mesmo número de mortes que tivemos em outros momentos da pandemia, mas o número de casos está explosivo e estão ocorrendo perdas de vidas. A vacina já se mostrou extremamente eficaz.

Tribuna – A nova variante e a influenza causam mais incertezas, do ponto de vista da gestão da saúde e da economia para 2022?
Solla – Claro, claro. Estamos com os serviços de saúde novamente lotados. Estamos com os postos de saúde, as UPAS e hospitais aumentando as internações. O afastamento se torna necessário. Mais uma vez, parabenizar o governador pela atitude responsável de ter suspendido o Carnaval. Vamos deixar para fazer o Carnaval depois da eleição, para comemorar o retorno de um presidente que defende a vida e a saúde.

Tribuna – Por falar no ex-presidente Lula, como avalia essa possível aliança entre Lula e Alckmin? O que acha dela?
Solla – Acho que temos um desafio gigantesco. Não é só ganhar as eleições. Precisamos ganhar as eleições para termos novamente um presidente que defenda a vida e a saúde da população. Que defenda políticas públicas. Mas vamos precisar que esse presidente coordene um grande esforço de reconstrução nacional. A destruição que está em curso no governo Bolsonaro, iniciada no Governo Temer pós-golpe contra a presidenta Dilma, se aprofundou e afetou todas as políticas públicas. Eu desafio e tenho colocado sempre: quero que me mostrem uma única política pública, um único ministério, uma única ação do governo federal que não tenha sido desmontada, que não esteja inviabilizando condições adequadas de sua execução. Que tenha, pelo menos, conseguido preservar o que existia antes. Não tem, em todas as áreas. Saúde, educação, assistência social… Acabaram com o Minha Casa, Minha Vida. Acabaram com o Luz Para Todos. A fome e a miséria voltaram. O desemprego em larga escala… Todas as áreas do Governo Federal estão passando por uma destruição sem precedentes. Nós vamos precisar de um esforço de reconstrução gigantesco. É uma tarefa para todos aqueles que defendem a democracia, que defendem o Estado de Direito e que defendem a necessidade de um estado de bem estar social na perspectiva de contribuir – especialmente para minorar dificuldades da população que mais precisa. A busca de um vice-presidente que possa ampliar essa arregimentação de forças na reconstrução do país vai ser fundamental.

Tribuna – O senhor é a favor de rediscutir ou até de revogar algumas medidas como a Reforma Trabalhista e de outros projetos que foram aprovados nos governos Temer e Bolsonaro?
Solla – Do golpe de estado que tirou Dilma para cá, tivemos perdas de direitos trabalhistas e previdenciários. E de direitos humanos e sociais. Nós tivemos cortes drásticos no orçamento de políticas públicas tão importantes, como educação, saúde e assistência social. Tivemos o desmonte de programas fundamentais. Tivemos um ataque, sem precedentes, uma rapinagem, ao patrimônio público. Nem o Governo FHC, que ficou famoso pela Privataria Tucana, foi tão destrutivo ao patrimônio público como tem sido esse governo. Nós vamos precisar retomar a Petrobras dos brasileiros. Não é possível que o Brasil e a população continuem pagando preços exorbitantes pelo gás de cozinha, combustíveis, levando à inflação como todos estão sentindo na pele. Não é possível que a destruição de direitos trabalhistas e previdenciários prospere. A gente falava naquele período em que atacaram os direitos trabalhistas: o que vai gerar emprego não é diminuir os direitos dos trabalhadores, é aumentar a capacidade de consumo da sociedade.

Tribuna – O senhor acha que já se configura uma polarização entre Jaques Wagner e ACM Neto para as eleições de 2022?
Solla – Essa vai ser uma eleição polarizada entre aqueles que defendem a democracia, o Estado de Direito, que defendem as políticas públicas mais importantes para ajudar o povo brasileiro. Aqueles que estarão ao lado do ex-presidente Lula, o melhor presidente da República que este país já teve. E do outro lado aqueles que fizeram campanha para a destruição do país, que fizeram campanha para eleger Bolsonaro e foram responsáveis pela tragédia que está em curso no Brasil. É isso que vai estar sendo debatido, que vai estar sendo alvo da campanha eleitoral. A eleição é, antes de tudo, um momento de reflexão sobre a condução do país. Você não ganha o voto primeiro. Primeiro você ganha mentes e corações com o projeto. Vamos defender um projeto que inclua a maioria da população, que gere emprego, que estimule renda, que volte a ter capacidade de investimento na saúde e na educação. Que mobilize o orçamento e que coloque o pobre no orçamento. Eles tiraram o pobre do orçamento e colocaram nas mãos da elite deste país.

Tribuna – Como viu o crescimento de Moro na pesquisa e esse alavancar dele para o terceiro lugar, superando Ciro Gomes?
Solla – Acho que o crescimento de Moro nas pesquisas foi uma desilusão, especialmente dos seus principais defensores. Foi um negócio pífio, muito abaixo do que esperavam, apesar de toda a campanha da mídia. A mídia levou 15 dias, levando Moro para cima e para baixo nos telejornais. Fizeram de tudo para Moro crescer e isso não aconteceu. Com a campanha indo para a rua, para ele vai ser muito difícil. Vai ser muito difícil explicar a destruição dele na economia no Brasil. Ele foi o responsável pela destruição de centenas de milhares de empregos diretamente na indústria nacional. Nenhum país do mundo, sob o discurso de combater a corrupção, destrói as suas principais empresas. Eu estive na Inglaterra, no grupo de trabalho da Câmara dos Deputados, visitando o principal órgão de auditoria do Estado. Eles disseram ‘estamos há 5 anos dentro da Rolls-Royce, afastamos dirigentes, mas não perdeu um posto de trabalho, um contrato, uma área de produção’. Ele disse ainda ‘aqui na Inglaterra, se a gente destruir a economia sob o discurso de combater a corrupção, vou responder processo’. O combate à corrupção não significa demitir trabalhadores, não significa destruir indústrias. Isso não existe em lugar nenhum do mundo. Isso não foi feito por acaso, não foi da cabeça de Moro. Havia interesses internacionais em destruir a Odebrecht, a Petrobras… Isso era muito claro. O Brasil estava em franco crescimento. Era a sexta maior economia do mundo. Tinha descoberto a maior jazida de petróleo deste século. É óbvio que isso não ia passar sem ser atacado. Moro foi o capitão do mato da destruição da indústria nacional, do que havia de mais avançado tecnologicamente e mais ameaçava os interesses de outros países, que sempre foram hegemônicos. Ele vai ter que explicar isso nas eleições.

Tribuna – O senhor acha que João Leão vai lançar candidatura ao Governo da Bahia ou haverá um consenso de construção da chapa?
Solla – Acredito que as forças que têm sido aliadas desde a primeira eleição de Wagner, que transformaram a Bahia e redemocratizaram o Estado, que fizeram os nossos indicadores ser o principal carro-chefe de investimento na saúde, nas áreas sociais e de infraestrutura, na contramão do que está acontecendo no país hoje… Essas forças têm a responsabilidade de dar continuidade nesse processo de defesa da nossa população. E eu acredito que Wagner, Rui, João Leão e Otto estão se entendendo e costurando. Otto já anunciou apoio a Wagner para Governador e Rui já anunciou o nome dele para o Senado. E também na parte de João Leão, acredito que ele continuará integrando esse time vitorioso no nosso Estado.

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