Chuvas destruíram ou danificaram centenas de pontes na Bahia com as enchentes

A ação é organizada pelo prefeito de Vereda, Manrick Teixeira, que também é presidente do Consórcio Público Intermunicipal Infraestrutura do Extremo Sul da Bahia, o Construir.

“Eu vi meus irmãos de Jucuruçu, com as pontes praticamente todas destruídas e sem alimentos, e aí partiu aquele desejo de tentar ajudar. Aí eu liguei para o prefeito de Itanhém, e pedi para nos unirmos e tentar chegar por terra para levar esses alimentos lá. Nós fizemos uma caravana, eu convoquei o governo do estado para mandar um apoio para a gente, aí chegaram os bombeiros. Unidos, com o povo, começou a ação em Vereda e passamos para Itanhém“, contou.

A primeira ponte recuperada foi a do distrito do Frango, em Itanhém. Por lá, depois que o equipamento foi destruído, os moradores se juntaram para transportar as mercadorias para outros distritos.

“Eu também convoquei o distrito de Cruzeiro do Sul [Vereda], quem tinha carro, quem tinha caminhão, quem tinha trator, para ir buscar as coisas. Unimos forças, foi uma ação conjunta, uma ação em que todos colaboraram. Quando chegou na próxima ponte foi a mesma coisa, uma dificuldade muito grande”.

“Quando nós chegamos nos momentos mais difíceis, eu vi que a gente tinha começado com 30 pessoas e a gente já estava com 300 pessoas. Teve lugar que, quem levou os caminhões, foram as pessoas empurrando. A gente foi fazendo ponte, fazendo pranchão”.

Além de voluntário na construção das pontes, Ricardo Silveira também esteve presente no resgate de pessoas que ficaram ilhadas, e contribuiu com doações.

“Logo quando nós chegamos em Jucuruçu, para fazer a ponte, o pessoal já recebeu a gente com choro, por causa do desespero de estar isolado. Depois o pessoal ficou alegre com a chegada, e nós entramos na cidade para resgatar as pessoas que estavam ilhadas depois do rio. Foi muito sufoco e desespero”.

“Para nós que nunca passamos por isso, foi desesperador ver as pessoas passando fome e sede. Teve um momento que a gente chegou com 40 marmitas e o pessoal partiu para cima. Nós entregamos e partimos para salvar mais gente que também estava precisando, gente que estava isolada”

Quem também atua como voluntário na construção das pontes é o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Vereda, Leonardo Nonato. Ele falou sobre a experiência de vivenciar uma tragédia e ter a oportunidade de ajudar famílias.

“Nenhum de nós, trabalhadores, abaixou a cabeça. Hoje estamos no sétimo dia fora de casa, ficamos quatro dias em Jucuruçu e Nova Alegria, e três dias aqui no Cruzeiro do Sul, que é no município de Vereda. Entregamos neste terceiro dia a segunda ponte construída. A gente ainda tem mais duas pontes para concluir o serviço”.

Sobre as próximas pontes a serem construídas, Leonardo estima que deve levar um tempo um pouco maior para a finalização, por causa do tipo das estruturas.

“A gente vai ter, no mínimo, mais sete a oito dias, porque as outras duas pontes são bem maiores que essas. Está sendo uma experiência muito boa, mesmo que a gente esteja vendo o sofrimento de toda a população, não só de Vereda, como de Jucuruçu e de Nova Alegria. É uma coisa que ninguém imaginava que fosse acontecer na nossa região, e que ninguém pensa em participar de uma ação dessas”.

“Eu fico agradecido de ter uma equipe que realmente se dedica. A gente não tem dia para ir embora, vamos ficar até a última ponte ser construída”.

Para Carlos Felipe, voluntário nas obras, é gratificante poder tirar um tempo para ajudar as pessoas da região, mesmo que seja em um desastre.

“Foi algo gratificante para todos, não tanto por só estamos na luta, mas por estamos ajudando outras pessoas. Não por questão de status, mas por amor ao próximo, empatia pelo próximo. Nos fez pensar sobre como estamos levando nossas vidas, aprendendo a valorizar mais o próximo e o que temos em casa. Essa batalha, essa luta persistente ainda está no começo, terão muitos dias ainda de luta”.

“É algo cansativo para todas as áreas, todos os lugares afetados, mas com fé em Deus, que tem nos fortalecido para lutar cada vez mais. É uma batalha que se vence a cada dia, todo mundo foi impactado, todo mundo teve questões.