O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na manhã desta quarta-feira (29) que os prefeitos e governadores contrários à prescrição médica para vacinar crianças contra a covid-19 não são médicos e que eles estão interferindo nas Secretarias de Saúde. Segundo o cardiologista, tanto os estados quanto os municípios devem se manifestar apenas por meio da consulta pública realizada pela pasta.
Os estados têm que se manifestar lá na consulta pública, aliás, governadores e prefeitos que falam em não ter prescrição e pelo que eu saiba, eles estão interferindo nas suas secretarias municipais e estaduais.Marcelo Queiroga, ministro da Saúde
Demonstrando impaciência após ser questionado sobre as incoerências da consulta pública, Queiroga deixou de responder aos questionamentos e ingressou no prédio do Ministério da Saúde. As imagens foram transmitidas pela GloboNews.
Momentos antes, no entanto, o ministro disse que a consulta pública, amplamente criticada por especialistas em saúde, serve como uma ferramenta para tranquilizar os pais — ainda que as vacinas sejam seguras e eficazes contra o coronavírus e utilizadas em crianças em outros países.
“A consulta é um instrumento da democracia, amplia discussão sobre o tema, trará mais tranquilidade para os pais levarem seus filhos à sala de vacinação”, disse.
‘Estamos indo muito bem, obrigado’
Ao ser questionado sobre o posicionamento do ministério sobre a imunização de crianças contra a covid, Queiroga disse que a manifestação da pasta está posta na consulta à população. O ministro citou ainda a doação de doses da vacina do Brasil para o mundo para desviar do perfil negacionista atribuído ao governo federal frente às negativas do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre as vacinas.
“Nosso país, através da determinação do presidente Jair Bolsonaro, é signatário de um grupo que cumpre vacinações ao nível mundial. Produzimos vacinas na Fiocruz, junto com ações do governo federal. Temos nossa população fortemente vacinada e avançamos com adolescentes”, declarou.
Na visão do ministro, o Brasil está “indo muito bem, obrigado”, no combate da pandemia. Por fim, Queiroga disse acreditar que o país vai lidar bem no combate da ômicron.
Na contramão do ministro, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta para o risco ‘muito elevado’ provocado pela nova variante da covid-19. O alerta acontece em um momento de propagação mundial dos contágios, com recordes de casos diários na Espanha, França e Reino Unido, além de aumentos expressivos na Argentina, Bolívia, Peru e Bolívia.
Imunização de crianças em 5 de janeiro
A previsão é de que apenas no dia 5 de janeiro seja possível imunizar as crianças brasileiras contra o coronavírus. A expectativa toma como base o fim da consulta pública, que está no ar.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou no dia 16 de dezembro o início da vacinação infantil, mas o governo federal já declarou ser contrário.
Em uma coletiva de imprensa realizada na última semana para anunciar a consulta pública, Queiroga disse que, caso aprovada a medida, o país tem condições de começar a vacinação dentro de um prazo “bastante curto”.
Segundo o ministro, será necessário documento indicando presença de comorbidade ou recomendação da aplicação.